A taxa básica de juros, atualmente em 14,25%, reacende o alerta sobre os impactos no setor imobiliário de alta renda. Para Álvaro Coelho da Fonseca, fundador da tradicional imobiliária Coelho da Fonseca, o cenário atual é comparável ao período do governo Dilma Rousseff, quando os juros nesse mesmo patamar afetaram gravemente o mercado.
“Essa taxa, na casa dos 14%, é um juro da época da Dilma, que o mercado não aguentou. Não há economia que conviva por muito tempo com juros desses”, afirmou o empresário em entrevista ao Painel S.A., da Folha de S.Paulo. Segundo ele, o juro alto é um adversário direto do setor: “É um grande concorrente para qualquer empresa e um adversário do mercado imobiliário”.
A Coelho da Fonseca tem mais de cinco décadas de atuação voltada ao segmento de alto padrão e já teve operações em diversos estados e até em Miami (EUA). No entanto, a empresa decidiu recentrar sua atuação em São Paulo, que, de acordo com Coelho da Fonseca, apresenta maior resiliência em tempos de incerteza econômica. “O dinamismo da cidade é uma coisa impressionante. Todo dia nasce e morre muita gente, as pessoas casam, descasam e se mudam com intensidade. No mesmo dia abrem e fecham muitas empresas”, declarou.
Para ele, São Paulo funciona quase como uma economia própria, distinta do restante do país. “Moema é mais forte que um estado inteiro. Tem que tirar um pouquinho a cidade de São Paulo do mapa do Brasil quando se fala em reações à conjuntura nacional”, comparou, reforçando o argumento de que a capital paulista reage de forma mais independente e ágil diante de crises.
Apesar do cenário desafiador com juros altos, o empresário acredita na solidez do seu negócio. “As empresas que já estão estabelecidas têm mais marca, porque têm mais processos, já são conhecidas e reconhecidas. Então, conseguem driblar melhor a crise. Não estou dizendo que estamos distantes da crise e ela não nos pega. Lógico que pega, mas eu diria que menos”, avaliou.
Coelho da Fonseca também destacou a importância da continuidade familiar na liderança da companhia, considerada um diferencial diante da instabilidade. Segundo ele, o plano de sucessão da empresa está em curso, com os filhos Álvaro Marco e Luiz Alfredo já à frente da operação. “Por sorte, a empresa tem sucessão, meus filhos estão na liderança e eu estou em um papel hoje muito mais estratégico e de conselho do que propriamente no operacional. Essa é a grande sorte da Coelho da Fonseca neste momento, na minha opinião”, concluiu.
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Informações retiradas de Julio Wiziack ao Estadão