Os baby boomers estão liderando as compras de imóveis nos Estados Unidos, superando os millennials, até então os protagonistas da demanda habitacional. Segundo o mais recente relatório da National Association of Realtors (NAR), divulgado na última semana, os boomers representaram 42% de todos os compradores de casas, enquanto os millennials responderam por 29%. No ano anterior, os números eram inversos: 31% e 38%, respectivamente.
A diferença, além do volume, está na forma de pagamento: muitos boomers estão adquirindo imóveis à vista. “Em uma reviravolta, os baby boomers ultrapassaram os millennials — a maior população dos EUA — para se tornarem a principal geração de compradores de casas,” afirmou Jessica Lautz, vice-presidente de economia da NAR. “O que é impressionante é que metade dos boomers mais velhos e dois em cada cinco boomers mais jovens estão comprando casas inteiramente à vista, evitando completamente o financiamento.”
O relatório classifica os millennials mais jovens entre 26 e 34 anos, e os mais velhos entre 35 e 44. Já os boomers mais jovens têm entre 60 e 69 anos e os mais velhos, de 70 a 78 anos. Enquanto os boomers buscam imóveis para ficar próximos da família ou para reduzir o tamanho da residência, os millennials — especialmente os mais jovens — enfrentam dificuldades financeiras para entrar no mercado, dependendo de ajuda familiar para dar o valor de entrada. “Um terço dos millennials mais jovens recebeu ajuda para o pagamento inicial na forma de um presente ou empréstimo de um amigo ou parente,” aponta o estudo.
A valorização dos imóveis nos últimos anos tem favorecido a geração boomer. Dados da Zillow mostram que os preços cresceram 45% nos últimos cinco anos — o que normalmente levaria uma década para ocorrer. Em fevereiro de 2020, o valor médio de uma casa era de US$ 245 mil. Em fevereiro de 2025, chegou a US$ 357 mil.
Esse ganho de capital permite aos boomers vender e comprar sem recorrer ao financiamento, uma vantagem num cenário de juros altos. Muitos não se veem motivados a trocar hipotecas de menos de 3%, travadas durante a pandemia, por taxas mais que dobradas atualmente — a não ser que possam comprar a nova casa à vista. Por isso, eles também lideram as vendas: 53% de todos os vendedores são boomers.
Enquanto isso, os millennials mais velhos conseguem comprar imóveis maiores e mais novos graças ao patrimônio das casas anteriores ou rendimentos mais altos. “Essa mudança reflete o papel crescente do patrimônio líquido em possibilitar compras repetidas, especialmente entre as gerações mais velhas, enquanto os compradores mais jovens continuam enfrentando desafios de acessibilidade,” explicou Lautz.
Segundo ela, o mercado vive um impasse causado pela deterioração da acessibilidade e o chamado “efeito de bloqueio”: compradores que não conseguem entrar e vendedores que não querem sair. As vendas de casas existentes caíram para o nível mais baixo em 30 anos no ano passado, e 2025 pode seguir no mesmo ritmo. “Os baby boomers estão dominando o mercado imobiliário como compradores repetidos, muitas vezes comprando suas próximas casas à vista,” reforçou Lautz. “Os millennials mais jovens — muitos dos quais são compradores de primeira viagem — estão sendo excluídos devido à crise de acessibilidade e à falta de inventário.”
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Informações retiradas de Alena Botros, da Fortune ao E-Investidor