O prefeito de Lisboa, Carlos Moedas, afirmou que o setor privado pode desempenhar um papel importante no aumento da oferta de moradias acessíveis na capital portuguesa, onde os preços dos imóveis dispararam nos últimos anos.
“Hoje em Lisboa, 12% da população vive em habitação municipal”, disse Moedas em entrevista na quinta-feira. “Não é suficiente. O setor privado precisa nos ajudar. Estamos basicamente também incentivando o setor privado a parcerias público-privadas. Não existe bala de prata. É um equilíbrio de medidas que precisam ser aplicadas.”
O prefeito disse que uma possível ideia seria fazer com que incorporadoras reservassem parte de um projeto — por exemplo, 30% ou 40% — para habitação com aluguéis controlados.
A explosão de unidades de aluguel de curto prazo e a compra de imóveis por estrangeiros têm sido apontadas como causas da alta nos preços das casas em Lisboa, tornando o centro da cidade inacessível para muitas famílias locais. A habitação social representa apenas 2% do total do estoque habitacional em Portugal — um dos menores índices da União Europeia.
No curto prazo, a prefeitura ajuda no pagamento de aluguéis, inclusive para policiais e professores, disse Moedas, acrescentando que os ciclos de construção levam de dois a três anos. Enquanto isso, Lisboa investiu em 2.400 unidades habitacionais nos últimos três anos, das quais metade foi construída do zero e a outra metade reformada. Mais de €560 milhões ( equivalentes a cerca de R$3,08 bilhões ) em fundos da União Europeia estão sendo investidos em Lisboa até 2027.
Preços dos imóveis em Lisboa dobraram nos últimos oito anos
A escassez de moradias e os investidores estrangeiros estão impulsionando os preços. O prefeito disse que o turismo representa cerca de 20% da economia de Lisboa e 25% dos empregos.
“O turismo é muito importante, mas precisamos regulá-lo”, afirmou Moedas. “É preciso diversificar o turismo pela cidade de diferentes formas. O problema do turismo é que as pessoas sempre se concentram na mesma parte da cidade.”
Moedas disse que Lisboa criou um “cluster” de museus de arte contemporânea ao longo do Rio Tejo e mais afastado do centro da cidade, além de ter limitado os aluguéis de curto prazo em algumas áreas. Lisboa também está ampliando sua rede de ciclovias.
A capital portuguesa tem uma população residente de cerca de 550 mil pessoas. Cerca de 1 milhão de pessoas entram na cidade todos os dias, e ela recebe aproximadamente entre 38 mil e 40 mil turistas por dia, segundo ele. “Precisamos tomar cuidado para não ter excesso de turismo. Eu não acho que temos excesso de turismo”, acrescentou.
Além de turistas, Lisboa também tem buscado atrair mais startups e grandes empresas de tecnologia.
“Nesses três anos conseguimos atrair muitos talentos, trouxemos 14 unicórnios de várias partes do mundo”, disse Moedas. O centro de inovação Unicorn Factory de Lisboa treina empresas para escalarem, disse ele, acrescentando que Portugal ainda precisa evoluir em alguns pontos. “O país realmente precisa reduzir a burocracia”, afirmou.
Moedas, do partido de centro-direita PSD, foi eleito prefeito em 2021 e é ex-comissário europeu responsável por pesquisa, ciência e inovação. Ele disse que ainda não é o momento de anunciar se vai buscar um segundo mandato como prefeito, com eleições locais previstas para este ano.
Quer continuar atualizado sobre o mercado imobiliário? Então se inscreva na nossa Newsletter. Todas as terças e sextas, às 7:15, nós enviamos no seu e-mail as principais notícias do mercado Imobiliário. Vejo você lá!
Informações traduzidas de Bloomberg