O presidente da Câmara Brasileira da Indústria da Construção (CBIC), Renato Correia, avaliou o ano de 2024 como positivo para a construção civil, destacando o aumento de 20% nas vendas no mercado imobiliário e a redução do estoque de imóveis, resultados que refletem o bom momento do setor. Segundo Correia, esses avanços são principalmente atribuídos às mudanças no programa Minha Casa, Minha Vida, que aumentou o teto do financiamento para R$ 350 mil e o subsídio para até R$ 55 mil, além do uso do Fundo de Garantia do Tempo de Serviço (FGTS), que proporcionaram mais acessibilidade para as famílias. O setor também se beneficiou da taxa Selic de 10,5% no início de 2024, que impulsionou a venda de imóveis de médio e alto padrão.
Além disso, o presidente ressaltou os investimentos significativos em infraestrutura, com o Brasil aplicando R$ 264 bilhões no setor em 2024. A construção de rodovias, saneamento básico, comunicação e energia ajudaram a gerar quase 3 milhões de empregos com carteira assinada, contribuindo para o crescimento da economia.
Desafios para 2025
Apesar dos bons resultados, Correia expressa preocupação com o cenário de 2025, especialmente com a alta da Selic, que pode impactar negativamente o acesso ao crédito e os custos de produção no setor imobiliário. Ele alerta para o aumento da taxa básica de juros, que pode reduzir os recursos para a classe média e aumentar os custos operacionais das empresas. A saída de recursos da caderneta de poupança, somada à pressão sobre a mão de obra e os materiais de construção, pode dificultar a obtenção de novos contratos, levando a uma possível desaceleração nos lançamentos de imóveis, incluindo aqueles do Minha Casa, Minha Vida.
Correia também se mostrou preocupado com o uso do FGTS para fins distintos da habitação, como a antecipação de saques do fundo, o que tem comprometido os recursos disponíveis para o setor. A CBIC defende a aplicação integral do FGTS na habitação de interesse social, especialmente diante do déficit habitacional no Brasil, que ainda soma cerca de 7 milhões de moradias.
Propostas para ajudar a classe média e melhorar o setor
Para facilitar o acesso da classe média à casa própria, a CBIC sugere a liberação de recursos do compulsório da poupança, uma medida que poderia recompor a redução de financiamento causada pela alta da Selic. Além disso, o setor aguarda uma possível revisão das políticas de crédito para a habitação, com a expectativa de que o Banco Central atenda a essa demanda em 2025.
Em relação às obras públicas, a CBIC defende a revisão das regras de licitação para garantir que grandes obras de engenharia não sejam prejudicadas pelos leilões reversos, que muitas vezes resultam em preços inviáveis e obras paralisadas. O setor também continua a lutar por melhores condições de formalização da mão de obra na construção civil, um problema que afeta milhões de trabalhadores no país.
O Futuro da construção civil: desafios e oportunidades
Embora o ano de 2024 tenha sido marcado por resultados positivos, 2025 exige uma adaptação do setor às novas condições econômicas, com uma alta da Selic que pode dificultar o financiamento e aumentar os custos de produção. No entanto, a CBIC segue confiante na continuidade de programas como o Minha Casa, Minha Vida, e acredita que é possível enfrentar os desafios com diálogo técnico e políticas públicas adequadas.
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Informações retiradas de Ana Dubeux, Carlos Alexandre de Souza e Vitória Torres ao Correio Brasiliense