A recente alta da taxa Selic para 13,25% promete encarecer os financiamentos imobiliários e pode impactar tanto novos compradores quanto aqueles que já possuem crédito contratado. A taxa, considerada referência para o mercado, influencia diretamente os custos de empréstimos e financiamentos.
“De forma simplificada, quando a inflação sobe, o Banco Central eleva os juros para desestimular o consumo e conter a alta de preços. O contrário também ocorre: quando a inflação está controlada, a Selic pode ser reduzida para estimular a economia”, explica Rafaela de Sá, planejadora financeira pela Associação Brasileira de Planejamento Financeiro (Planejar).
Financiamentos mais caros
A elevação da Selic resulta em financiamentos imobiliários mais onerosos, refletindo tanto no valor das parcelas quanto no montante total pago ao longo dos anos. Apesar de o impacto não ser imediato, os bancos ajustam suas taxas gradualmente conforme o cenário econômico.
Segundo Werton Oliveira, economista da Consultoria Ekonomy, as principais instituições financeiras já haviam antecipado a alta e reajustado suas taxas com base no direcionamento do Comitê de Política Monetária (Copom) em dezembro, que indicava novas elevações. “A Caixa Econômica, por exemplo, já reajustou suas taxas no início do mês. Um aumento de 1,5 ponto percentual em um financiamento de R$ 500 mil pode elevar a parcela em mais de R$ 500, reduzindo a capacidade de pagamento dos compradores”, aponta Oliveira.
Além da alta nos juros, bancos como a Caixa Econômica também aumentaram a exigência de entrada mínima para financiamentos, que em alguns casos pode chegar a 50% do valor do imóvel. “Isso exige uma organização financeira ainda maior para quem deseja adquirir um imóvel em 2025”, complementa o economista.
Financiar agora ou esperar?
Especialistas indicam que a melhor decisão depende do perfil e necessidade de cada comprador. “Para quem precisa do imóvel agora, pode ser vantajoso fechar negócio e, futuramente, buscar uma portabilidade ou renegociação caso os juros caiam. Já para quem tem flexibilidade, aguardar uma redução da Selic pode representar economia significativa”, afirma Rafaela de Sá.
Para aqueles que planejam sair do aluguel, a recomendação é comparar o valor do aluguel com a parcela do financiamento. “Se a parcela for significativamente maior e comprometer o orçamento, pode ser melhor adiar. Mas, se for viável e houver necessidade de moradia própria, o financiamento pode valer a pena”, acrescenta a planejadora financeira.
E quem já tem financiamento?
Pessoas com financiamentos em andamento também podem sentir os efeitos da alta da Selic, dependendo do tipo de contrato. Financiamentos indexados à Selic, ao IPCA ou à Taxa Referencial (TR) sofrerão reajustes nas parcelas sempre que houver aumento desses índices. Já contratos com taxas fixas não serão impactados diretamente pela alta da Selic.
Vale a pena amortizar?
A decisão de amortizar ou manter o dinheiro investido deve considerar o custo do financiamento e a rentabilidade de aplicações financeiras.
“Por exemplo, se alguém tem um contrato com taxa fixa de 9% ao ano, e o DI futuro de longo prazo indica uma taxa de 14%, a decisão racional seria não amortizar e manter o dinheiro aplicado. O contrário também é válido: se o financiamento tem uma taxa de 14% ao ano e o DI futuro indica uma taxa de 10%, o ideal seria resgatar a aplicação e amortizar o saldo devedor”, explica Marcelo Milech, planejador financeiro.
Além disso, Oliveira destaca que a amortização reduz os juros pagos ao longo do tempo, permitindo economia para o futuro.
Dicas para se preparar financeiramente para um financiamento imobiliário
- Construir uma reserva para a entrada do imóvel;
- Acumular recursos para pagar a maior parte do valor à vista e reduzir a parcela financiada;
- Manter um bom score de crédito;
- Simular diferentes cenários para entender o impacto das taxas no longo prazo.
Com a Selic em alta e perspectivas de novos ajustes, o planejamento financeiro se torna ainda mais essencial para quem deseja adquirir um imóvel nos próximos meses.
Informações retiradas de Larissa Maia ao Valor Investe.
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