O financiamento imobiliário alcançou um recorde de R$ 312 bilhões em 2024, impulsionado pelo aumento da participação do FGTS, que cresceu 29% em relação ao ano anterior. O desempenho reflete, sobretudo, a relevância do programa Minha Casa Minha Vida. Apesar da mudança na composição de funding, o crédito via SBPE (Sistema Brasileiro de Poupança e Empréstimo) também apresentou crescimento de 22%, atingindo R$ 187 bilhões, o segundo maior volume já registrado.
Deste montante, R$ 137 bilhões foram destinados à pessoa física, com destaque para o mercado de imóveis usados, que sustentou grande parte desse crescimento. No segmento de imóveis novos, houve uma leve retração de 5%.
Setor imobiliário mantém resiliência
“Isso mostra a resiliência do setor para buscar alternativas para o mercado imobiliário”, afirma Sandro Gamba, presidente da Abecip (Associação Brasileira das Entidades de Crédito Imobiliário e Poupança), referindo-se aos crescentes saques da poupança.
Em 2024, os saques superaram os depósitos em R$ 21,7 bilhões. Apesar do saldo negativo, o desempenho foi melhor do que em 2023, quando a diferença entre saques e depósitos chegou a R$ 72,4 bilhões. O rendimento do crédito imobiliário ajudou a compensar essa saída, permitindo que a poupança SBPE encerrasse o ano com um saldo de R$ 773,5 bilhões.
Com o aumento da Selic, a tendência de saques se intensifica. Em 2024, a retirada líquida da poupança foi de R$ 21 bilhões, reflexo da mudança de cenário econômico. Com a perspectiva de alta da Selic em 2025, a expectativa é de que os saques aumentem ainda mais.
Inadimplência segue em queda
Apesar do grande volume de vendas, a inadimplência no crédito imobiliário continuou a cair em 2024, atingindo apenas 1% – o menor patamar da série histórica. Esse índice demonstra que a qualidade da carteira de crédito imobiliário se mantém sólida e saudável.
Desempenho histórico em dezembro
O crédito imobiliário do SBPE atingiu R$ 17,61 bilhões em dezembro de 2024, o melhor resultado já registrado para o mês. Esse crescimento foi impulsionado pelas mudanças implementadas pela Caixa no financiamento de imóveis que utilizam recursos da poupança. Em comparação a dezembro de 2023, o avanço foi de 15,7%.
No acumulado de 2024, o volume financiado totalizou R$ 186,7 bilhões, registrando um crescimento de 22,3% em relação ao ano anterior. No mesmo período, o total de imóveis financiados com recursos da poupança chegou a 568,2 mil, um aumento de 13,8% na comparação com 2023.
Perspectivas para 2025
Para 2025, a Abecip projeta uma redução de aproximadamente 17% na distribuição de crédito imobiliário, tornando o desempenho do setor semelhante ao de 2023. “O ano de 2024 foi muito relevante, o que não tende a se repetir em 2025. Há o efeito da Selic e da curva longa de juros que se acentuou no final do ano passado e que vai impactar o mercado imobiliário neste ano”, explica Gamba.
O aumento das taxas de crédito imobiliário também deve afetar a demanda, exercendo pressão sobre a estrutura de funding e limitando a distribuição de crédito. Com isso, o volume de financiamentos deve ficar entre R$ 150 bilhões e R$ 160 bilhões em 2025. “O que ainda é um patamar bastante relevante”, ressalta o presidente da Abecip.
As expectativas para 2024 indicavam uma Selic em tendência de baixa, mas o cenário mudou. Para 2025, a projeção geral aponta para uma taxa de juros de 15% ao final do ano e uma inflação de 5,5%, fatores que devem influenciar diretamente o desempenho do mercado imobiliário.
Informações retiradas de Letícia Furlan à Exame.
Quer continuar atualizado sobre o mercado imobiliário? Então se inscreva na nossa Newsletter. Todas as terças e sextas, às 7:15, nós enviamos no seu e-mail as principais notícias do mercado Imobiliário. Vejo você lá.