Relatório da Sotheby’s International Realty aponta estabilidade no mercado de alto padrão e destaca mudanças nas tendências de consumo
Mesmo diante de desafios, como os incêndios florestais em Los Angeles que comprometeram cerca de 12 mil estruturas – muitas delas residências de alto padrão –, o mercado imobiliário de luxo global caminha para um período de maior equilíbrio em 2025. Essa é a visão apresentada no relatório Luxury Outlook 2025, divulgado pela Sotheby’s International Realty (SIR).
“O impacto humano dos incêndios é devastador”, aponta Bradley Nelson, diretor de marketing da SIR. “Ainda é cedo para avaliar como isso afetará o mercado, mas no momento as famílias estão focadas em soluções de curto prazo.”
Enquanto regiões como Los Angeles lidam com incertezas, o cenário global apresenta sinais de estabilização. Após anos marcados pela pandemia, variações de taxas de juros e transformações no mercado de trabalho, espera-se que o ritmo de valorização dos imóveis de luxo desacelere, sem perder terreno. “Nosso levantamento junto aos principais agentes globais mostra que estamos entrando em um mercado mais estável, com condições mais equilibradas”, avalia Nelson.
“Não acho que estejamos prevendo que o valor dos imóveis diminuirá em 2025, mas a taxa de valorização pode diminuir”, diz Bradley Nelson, diretor de marketing da empresa que liderou o relatório.
Movimentação global de investidores
O relatório destaca que a migração de indivíduos com alto patrimônio líquido continuará em alta. Segundo dados da Henley & Partners, estima-se que 135 mil pessoas desse perfil mudem de país em 2025, superando as 128 mil registradas em 2024. Os Emirados Árabes Unidos seguem como o destino favorito, atraindo um número recorde de investidores graças a incentivos fiscais, vistos dourados e um estilo de vida exclusivo.
“É um ímã para a riqueza”, afirma Nelson. Em Dubai, as residências de marca se destacam, podendo atingir valores até 25% superiores às propriedades tradicionais de qualidade equivalente, segundo Chris Whitehead, sócio-gerente da Sotheby’s International Realty no emirado.
Nos Estados Unidos, o mercado de luxo também se movimenta, mas enfrenta um nível historicamente baixo de compradores internacionais. Entre abril de 2023 e março de 2024, estrangeiros adquiriram apenas 54.300 propriedades no país, movimentando US$ 42 bilhões. Esse número contrasta com os US$ 153 bilhões registrados em 2017. Ainda assim, Nelson aponta que as transações feitas por esse público continuam sendo “essenciais para o segmento super prime”.
O novo perfil do comprador de luxo
Além de mudanças geográficas, o perfil dos compradores de imóveis de alto padrão também está em transformação. Os millennials, com uma mentalidade voltada para o estilo de vida, ganham espaço nesse mercado. “Eles priorizam propriedades com apelo histórico e estético, muitas vezes influenciados pela cultura pop”, explica Nelson.
Na Itália, por exemplo, a série White Lotus, da HBO, impulsionou a procura por vilas históricas logo após sua segunda temporada. “Tivemos o dobro de compradores americanos e britânicos buscando imóveis aqui”, relata Diletta Giorgolo Spinolo, diretora da Sotheby’s International Realty no país.
Investimento familiar e mudanças demográficas
Embora o mercado de luxo seja sinônimo de independência financeira, o apoio familiar ainda desempenha um papel crucial. No Reino Unido, 42% das propriedades adquiridas por pessoas com menos de 55 anos contaram com financiamento dos pais, conforme relatório da Legal & General citado pela SIR.
As mudanças também se refletem na composição de gênero dos compradores. Em 1981, mulheres representavam 11% do mercado de imóveis; hoje, esse número subiu para 20%. “As compradoras solteiras estão cada vez mais confiantes para investir, seja como ferramenta de criação de riqueza ou para adaptar-se às suas necessidades específicas”, comenta Nelson.
A combinação de fatores demográficos, econômicos e culturais deixa claro que o mercado de luxo não é apenas um reflexo de riqueza, mas também de tendências globais em constante evolução. Para Nelson, “esse movimento é guiado por mudanças demográficas mais do que qualquer outra coisa. Isso ficou muito evidente no relatório deste ano”.
Informações retiradas de James Tarmy ao Bloomberg Linea.
Quer continuar atualizado sobre o mercado imobiliário? Então se inscreva na nossa Newsletter. Todas as terças e sextas, às 7:15, nós enviamos no seu e-mail as principais notícias do mercado Imobiliário. Vejo você lá!