O mercado imobiliário brasileiro inicia 2025 com um olhar cauteloso, dado o cenário macroeconômico desafiador. A Taxa Selic de 12,25%, com possibilidades de aumento, a pressão inflacionária gerada por um dólar forte (acima de R$6,18 no final de 2024) e as incertezas fiscais indicam um ano turbulento para o setor. A ausência de uma política fiscal clara e responsável impede o Banco Central de reduzir os juros, o que, segundo especialistas, é um dos principais fatores que impactam o mercado imobiliário.
Em um momento em que o juro real no Brasil se encontra entre os mais altos do mundo, o custo do capital para os investidores fica elevado. O Tesouro Nacional, por exemplo, negociava o título IPCA+ 2029 com uma rentabilidade de 7,82% mais IPCA, o que torna os investimentos mais caros e afeta diretamente o desempenho do setor imobiliário, como evidenciado pela queda de -5,89% no Índice de Fundos de Investimento Imobiliário (IFIX) em 2024.
Outro reflexo desse cenário de alta da Selic é a pressão nas carteiras de crédito, o que pode gerar impactos na saúde financeira de empresas do setor. Em termos de risco, tanto as construtoras quanto os bancos, além das imobiliárias, precisarão adotar uma gestão mais rigorosa para minimizar o impacto da alta dos juros.
Entretanto, o efeito dos juros altos não é homogêneo para todos os segmentos do mercado imobiliário. O financiamento de imóveis em programas como o Minha Casa Minha Vida (MCMV), ou aqueles vinculados ao Sistema Brasileiro de Poupança e Empréstimo (SBPE) ou Sistema Financeiro de Habitação (SFH), por exemplo, devem se manter relativamente estáveis, apesar das restrições de crédito anunciadas pela Caixa Econômica Federal. Já a venda de imóveis pagos à vista ou financiados por crédito tradicional deverá sofrer mais com o elevado custo de capital, restringindo o acesso de muitos potenciais compradores ao mercado.
Por outro lado, a demanda por aluguéis, que já vinha apresentando crescimento nos últimos anos, deve se intensificar em 2025. Com os juros altos dificultando o acesso ao crédito para compra de imóveis, mais brasileiros devem optar pelo aluguel, uma tendência que deve se fortalecer, especialmente considerando o ritmo de crescimento anual de 5% no número de domicílios alugados nos últimos 12 anos.
Será que há espaço para otimismo nesse cenário? Sim, é possível. Apesar das dificuldades, os períodos desafiadores podem ser uma oportunidade para empresas e investidores que entendem os ciclos do mercado imobiliário e sabem se posicionar para o longo prazo. Negócios com boa gestão de custos, baixa alavancagem e carteiras de crédito saudáveis têm mais chance de prosperar em tempos difíceis.
Como sempre, após momentos de crise, a bonança tende a vir. Historicamente, os anos seguintes a períodos turbulentos apresentam boas perspectivas para aqueles que mantêm uma visão estratégica e sabem aproveitar as oportunidades no mercado imobiliário. Este artigo de opinião reflete sobre esse contexto e as possibilidades para o futuro próximo.
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Informações retiradas de Daniel Santos, Co-fundador da CredAluga ao Estadão Imóveis