O Banco Central (BC) está estudando novas maneiras de financiar o mercado imobiliário, segundo o diretor de Fiscalização da instituição, Ailton de Aquino Santos. A declaração foi dada na quinta-feira, 21, durante a coletiva de divulgação do Relatório de Estabilidade Financeira (REF).
“Tenho para mim que a gente precisa repensar o funding do sistema financeiro. Até trazer um novo olhar do que seja funding. Estamos estudando outra forma de financiar o mercado imobiliário, mas não vou antecipar nada”, afirmou o diretor, sem dar detalhes sobre as possíveis medidas.
Principais fontes de financiamento enfrentam desafios
O mercado imobiliário depende de três fontes principais de recursos: a caderneta de poupança, o Fundo de Garantia do Tempo de Serviço (FGTS) e as Letras de Crédito Imobiliário (LCI). Porém, todas enfrentam desafios recentes.
No caso da poupança, os saques têm superado os depósitos, o que preocupa o BC. Apesar de um crescimento de 3% no saldo das cadernetas no primeiro semestre de 2024, o tema segue como um “ponto de atenção” para o crédito imobiliário, segundo o REF.
As LCIs também registraram uma queda significativa nas captações. Nos primeiros seis meses de 2023, os bancos captaram R$ 334,5 bilhões, enquanto no mesmo período de 2024 o volume caiu para R$ 254,7 bilhões.
Pressão por mudanças no financiamento
Para aliviar a pressão sobre o sistema de financiamento habitacional, os bancos, especialmente a Caixa Econômica Federal, pediram ao BC uma redução de cinco pontos percentuais na alíquota de depósitos compulsórios das cadernetas de poupança, atualmente fixada em 20%.
Além disso, construtoras e instituições financeiras solicitaram ao Conselho Monetário Nacional (CMN) que reduza o prazo mínimo para o resgate de LCIs de 9 meses (275 dias) para 3 meses (90 dias).
Embora o BC tenha sinalizado em junho que estuda mudanças na alíquota dos compulsórios da poupança, ainda não há prazo definido para uma decisão.
O impacto dos depósitos compulsórios no Banco Central
Os depósitos compulsórios são uma parcela dos recursos das cadernetas que os bancos precisam manter no BC, sem possibilidade de utilização. Essa medida regula a liquidez do sistema financeiro, mas também limita a oferta de crédito habitacional.
Caso o BC decida liberar parte desses depósitos, os bancos poderiam ampliar a concessão de financiamentos imobiliários com recursos da poupança, ajudando a estimular o setor. Contudo, essa decisão depende exclusivamente da autoridade monetária.
Com os desafios enfrentados pelas fontes tradicionais de funding, o mercado aguarda definições que podem impactar diretamente a concessão de crédito imobiliário e o ritmo do setor nos próximos meses.
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Informações retiradas de Antonio Temóteo à Exame