As áreas verdes urbanas, como parques e miniflorestas, estão ganhando cada vez mais espaço no mercado imobiliário, sendo vistas como um diferencial que pode aumentar o valor de imóveis em até 20%. Essa valorização, que beneficia tanto consumidores quanto incorporadoras, está ligada à busca por qualidade de vida, aponta Adriana Magalhães, diretora de Estratégias da CéuLar Netimóveis.
Ela explica que a pandemia foi um marco nesse comportamento, quando as pessoas passaram a passar mais tempo em casa e começaram a priorizar o contato com a natureza. Agora, com crises como secas e queimadas, a demanda por áreas verdes tem se tornado ainda mais evidente. “As pessoas estão buscando áreas verdes para poder ter um respiro, literalmente”, afirma.
No passado, a atenção do mercado imobiliário estava voltada para áreas de lazer como piscinas e quadras esportivas, mas hoje, espaços como hortas orgânicas e pomares dentro dos condomínios têm ganhado destaque. “Isso é uma mudança transformadora no estilo de vida das pessoas”, complementa Adriana.
Mudança na percepção do mercado
O arquiteto Alexandre Nagazawa, diretor da Bloc Arquitetura Imobiliária, afirma que houve uma grande mudança na percepção das áreas de preservação permanente (APP). Antes vistas como um obstáculo para os projetos imobiliários, essas áreas agora são valorizadas, agregando valor aos imóveis localizados próximos a elas.
“Há mais de 10 anos, os consumidores e incorporadoras não davam a devida importância para as áreas verdes. Hoje, unidades com vista para essas áreas costumam ter um valor de mercado maior do que aquelas voltadas para a rua”, explica Nagazawa.
Essa nova percepção foi acelerada pela pandemia, quando o contato com a natureza se tornou um desejo cada vez mais presente no dia a dia das pessoas. Agora, a proximidade de áreas verdes é considerada um grande diferencial, sendo visto como um “valor agregado enorme para qualquer tipo de produto imobiliário”, reforça o arquiteto.
Preservação como chave para valorização
O vice-presidente da Câmara do Mercado Imobiliário de Minas Gerais (CMI/Secovi-MG), Adriano Manetta, aponta que a valorização imobiliária tradicionalmente estava ligada à proximidade de comércio e serviços. No entanto, a presença de áreas verdes bem preservadas, como parques e praças, tem se mostrado um novo fator decisivo. “Uma área verde nova, como uma praça ou parque, pode gerar uma percepção de valor quando oferece serviços de qualidade para a comunidade”, observa Manetta.
Ele também ressalta a importância do conceito de “cidade de 15 minutos”, onde todas as necessidades básicas dos moradores podem ser atendidas a uma curta distância, incentivando uma vida mais sustentável e equilibrada.
No entanto, Manetta alerta que a falta de preservação das áreas verdes pode ter o efeito contrário, desvalorizando imóveis em regiões onde essas áreas se tornam subutilizadas. “Áreas que não têm uma destinação clara para a população tendem a não agregar valor e até reduzir o preço dos imóveis no entorno”, afirma.
A expectativa é que o próximo Plano Diretor de Belo Horizonte traga novas diretrizes que possam transformar áreas subutilizadas em espaços públicos de qualidade, promovendo assim uma valorização imobiliária ainda maior na cidade.
Com esse novo olhar para o verde, o mercado imobiliário vem se adaptando à crescente demanda por qualidade de vida, mostrando que a presença de áreas verdes não só melhora o bem-estar dos moradores, como também aumenta o valor dos imóveis.
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Informações retiradas de Diário do Comércio