O aumento nas taxas de juros e o encarecimento do financiamento bancário estão impactando diretamente a compra de imóveis pela classe média. Essa combinação de fatores está criando barreiras para o setor imobiliário, especialmente para o segmento de médio padrão. De acordo com uma pesquisa da Abrainc (Associação Brasileira de Incorporadoras Imobiliárias) em parceria com a Brain Inteligência Estratégica, houve uma redução significativa na participação desse segmento no Valor Global Lançado (VGL).
No segundo trimestre de 2023, o mercado de médio padrão representava 60% do VGL. Este ano, porém, esse percentual caiu para 50%. Apesar da redução, o segmento ainda detém uma fatia importante do mercado, o que demonstra sua relevância para o setor imobiliário como um todo.
A pesquisa também revela que o mercado de alto padrão foi responsável por 26% do VGL no segundo trimestre de 2024, enquanto o programa Minha Casa, Minha Vida (MCMV) representou 24%.
Classe média e o difícil acesso ao crédito imobiliário
Luiz França, presidente da Abrainc, comentou sobre os desafios enfrentados pela classe média para adquirir imóveis. “A classe média tem interesse em comprar imóveis, mas encontra dificuldade em obter crédito devido aos juros elevados e ao alto custo do funding. Isso não só compromete o orçamento das famílias, que enfrentam obstáculos para financiar a casa própria, como também inibe o lançamento de novos projetos pelas incorporadoras, afetando todo o setor”, afirmou França.
A pesquisa mostrou que 48% dos entrevistados gerais possuem a intenção de compra. No entanto, entre as pessoas com renda familiar mensal entre R$ 10 mil e R$ 20 mil, esse índice cai para 40%, reforçando o impacto negativo das condições econômicas atuais sobre essa faixa de renda.
Impacto da Selic no mercado imobiliário
A recente alta na taxa Selic, anunciada pelo Comitê de Política Monetária (Copom), também contribui para o cenário desafiador. Em 18 de setembro, a taxa subiu de 10,50% para 10,75% ao ano, o que, segundo França, tem “efeito negativo sobre os tomadores de crédito em todos os setores da economia, encarecendo os empréstimos e financiamentos”.
De acordo com o Boletim Focus, divulgado pelo Banco Central, a expectativa do mercado é que a Selic alcance 11,50% até o final deste ano. As previsões para os anos seguintes permanecem estáveis, com juros estimados em 10,50% para 2025, 9,50% para 2026 e 9% para 2027.
Este cenário cria uma pressão ainda maior sobre a classe média, dificultando o acesso ao crédito e, consequentemente, à compra de imóveis, enquanto as incorporadoras enfrentam desafios para lançar novos empreendimentos.
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Informações retiradas de Juliana Caveiro ao MoneyTimes