Em julho, a venda de uma cobertura duplex em um empreendimento de luxo em Balneário Camboriú (SC) chamou atenção. O motivo não foi a altura do prédio, mas sim o valor impressionante do metro quadrado: R$131 mil. Pouco tempo antes, o mercado imobiliário carioca havia sido sacudido por um anúncio semelhante. No último empreendimento disponível na orla do Leblon, o edifício Tom Delfim Moreira, da Gafisa, o metro quadrado atingiu R$134 mil.
Esses dois exemplos marcam a entrada do Brasil no que vem sendo chamado de “clube dos R$100 mil”, uma nova categoria de imóveis de altíssimo padrão que ultrapassam essa marca simbólica. No entanto, chama a atenção a ausência de São Paulo nesse seleto grupo. Apesar de ser o principal mercado imobiliário do país, a capital paulista ainda não registrou lançamentos que superem essa barreira. Atualmente, o metro quadrado de empreendimentos de luxo em São Paulo varia entre R$60 mil e R$70 mil. Mas o que está impedindo a cidade de acompanhar essa alta?
O desafio de São Paulo no mercado de luxo
Para Marcello Romero, CEO da Bossa Nova, a dificuldade em adquirir terrenos em áreas valorizadas, como a Zona Sul carioca, é um dos principais motivos para os preços elevados no Rio de Janeiro. “Na Zona Sul, é quase impossível conseguir um terreno para incorporação sem precisar comprar um prédio, demolir e construir no local. Isso aumenta muito o custo”, explica Romero.
Em São Paulo, a situação é um pouco diferente. Segundo Romero, as incorporadoras têm desenvolvido empreendimentos de luxo em microrregiões dentro de bairros nobres, o que ajuda a manter os preços mais controlados. “São alternativas exploradas para evitar o risco de demorar anos montando uma área ‘premium’ no coração dos bairros. Ainda há oportunidades na cidade”, comenta.
Marco Túlio Vilela Lima, CEO da Esquema Imóveis, também aponta a geografia como um fator importante. A diferença entre São Paulo e cidades como Rio de Janeiro e Balneário Camboriú está na valorização de terrenos à beira-mar. “A supervalorização do metro quadrado nesses locais está diretamente ligada à escassez de lançamentos com vista para o mar”, justifica Lima. Ele ainda destaca que, em São Paulo, polos de alto padrão estão mais espalhados, mas já é possível ver coberturas no Itaim sendo revendidas por valores semelhantes.
Limite de preço em São Paulo?
Uma outra questão levantada por especialistas é a resistência dos compradores do mercado de luxo em São Paulo. “De maneira geral, as pessoas estão assustadas com os altos preços na cidade”, afirma Romero. Segundo ele, o mercado na capital parece ter chegado ao limite, com poucos empreendimentos conseguindo ultrapassar a faixa de preço que já é praticada em bairros nobres. “Somente os projetos mais bem resolvidos quanto à localização, planta e lazer conseguem superar esse patamar”, ressalta.
Apesar da percepção de limite, Romero observa um forte aquecimento no mercado de imóveis de altíssimo padrão. “Neste ano, as transações de imóveis acima de R$3 milhões aumentaram 40%. Nos imóveis entre R$ 10 milhões e R$15 milhões, o crescimento foi ainda maior, 56% em comparação com 2023″, conclui.
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Informações retiradas de Valor Econômico