O mercado imobiliário de São Paulo tem sido dominado pelo aumento expressivo de lançamentos de imóveis compactos. Nos últimos 20 anos, entre 2004 e 2023, a cidade registrou a construção de 367,4 mil unidades com até 45 m², o que representa 45% do total de 818 mil imóveis lançados no período, segundo o Secovi-SP. Entre janeiro e julho de 2024, essa participação subiu para 81,6%: dos 47,4 mil imóveis lançados, 38,6 mil eram compactos, uma marca histórica.
O preço médio do metro quadrado desses imóveis compactos em São Paulo atingiu R$ 14.144, um aumento de 23,8% desde 2020. Por exemplo, um apartamento de 35 m² que custava R$ 400 mil em 2020, agora vale aproximadamente R$ 495 mil.
Segundo Ely Wertheim, presidente-executivo do Secovi-SP, essa tendência é resultado de fatores como o preço e a localização. “A aceitação dos compactos é grande porque eles oferecem um valor de entrada acessível. O comprador consegue adquirir um imóvel em um bairro desejado, sem precisar esperar muito tempo para alcançar a condição de comprar um imóvel maior”, explica. Wertheim destaca ainda que esses imóveis atendem principalmente o público jovem, que possui menos recursos financeiros.
Além do preço, os imóveis compactos têm atraído compradores de segmentos mais altos. Construtoras de luxo também estão investindo nesse perfil de unidade, com diferenciais que incluem localização estratégica, design refinado e áreas de lazer sofisticadas. Um exemplo é a Global Realty Brasil, que oferece apartamentos de 29 m² com pé direito de 4 metros em Perdizes, no empreendimento Cardoso432. Segundo o CEO da empresa, André Fakiani, o projeto aproveita o espaço de forma inteligente, permitindo, por exemplo, a criação de mezaninos. O preço por metro quadrado no Cardoso432 chega a R$ 21 mil, enquanto a média na região é de R$ 17 mil.
Outro projeto da Global Realty está previsto para o Itaim Bibi, com unidades compactas próximas ao Parque Ibirapuera, com valores que podem atingir até R$ 1 milhão. “Oferecemos a mesma qualidade de vida para quem mora em 40 m² ou 500 m². Eles apenas não podem comprar algo maior naquele momento”, afirma Fakiani.
A Stan Desenvolvimento Imobiliário também segue essa tendência de luxo em bairros como Brooklin e Vila Olímpia. Em seus empreendimentos, a empresa aposta em diferenciais como aquecimento central e áreas comuns projetadas por renomados arquitetos, como João Armentano e Débora Aguiar.
O mercado de imóveis compactos também é impulsionado por investidores que buscam imóveis bem localizados e com alta rentabilidade. Orlando Pereira, diretor comercial da Cyrela, afirma que a demanda por estúdios em regiões como Brooklin e Berrini é alta, especialmente entre jovens profissionais de 25 a 40 anos. Ele destaca que o financiamento desses imóveis é mais acessível, com entrada de 10% a 20% do valor total.
No segmento de moradias populares, o programa Minha Casa Minha Vida tem acelerado o lançamento de imóveis compactos com até 45 m². Em 2023, o governo federal elevou o teto de financiamento para até R$ 350 mil, permitindo que mais pessoas tenham acesso à casa própria. Além disso, o novo Plano Diretor de São Paulo facilita a construção de moradias próximas a estações de metrô e corredores de ônibus, incentivando ainda mais o adensamento dessas áreas.
De acordo com Renée Silveira, diretora de incorporação da Plano&Plano, as novas diretrizes da cidade permitiram a construção de imóveis econômicos sem a obrigatoriedade de uma vaga de garagem para cada unidade, o que reduz os custos. Os imóveis de um dormitório da empresa variam entre 23 e 29 m², com preços entre R$ 200 mil e R$ 280 mil.
O aumento de lançamentos de imóveis compactos reflete a mudança no estilo de vida e nas prioridades dos paulistanos, que buscam praticidade, localização e conforto em espaços menores, acompanhados de áreas comuns modernas e bem equipadas.
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Informações retiradas de Lucas Agrela ao Estadão.