O Algarve, a ensolarada costa sul de Portugal, está atraindo cada vez mais visitantes e, como resultado, o mercado imobiliário da região está em plena expansão. De acordo com a agência imobiliária Savills, os preços das propriedades de luxo no Algarve subiram mais de 30% no último ano.
Agentes imobiliários apontam que o aumento do turismo está impulsionando as compras, especialmente entre compradores dos Estados Unidos, que estão visitando Portugal em números recordes. No primeiro semestre de 2024, mais de um milhão de turistas americanos visitaram o país, quase o dobro do registrado no mesmo período de 2022, conforme dados da agência nacional de estatísticas.
O Algarve, com seus menos de 500 mil habitantes, atrai turistas pelas praias de areia branca, pelas pitorescas cidades de pescadores e pelo clima agradável o ano todo. Para facilitar o acesso, a United Airlines lançará um voo direto de Newark para Faro, principal porta de entrada da região, a partir de 2025.
“O topo do mercado imobiliário no Algarve sempre foi dominado por compradores britânicos, mas isso está mudando“, afirma Kerstin Buechner, co-proprietária da Quinta Properties, afiliada da Savills na região. Segundo ela, antes da pandemia, menos de 1% dos compradores de imóveis de luxo eram americanos, mas hoje eles representam uma “parcela substancial”. Atualmente, 10% dos compradores estrangeiros em Portugal são americanos, segundo a Associação Portuguesa de Propriedades. “Se você andar por Loulé, verá que uma em cada duas pessoas é americana”, diz Buechner. “É inacreditável.”
A valorização do dólar frente ao euro tem influenciado os preços. Em 2022, ocorreu a primeira venda de uma propriedade no Algarve acima de 20 milhões de euros (R$ 123 milhões), e desde então várias transações nesse patamar foram registradas pela Quinta Properties. A oferta de imóveis de luxo na região, especialmente em áreas como Quinta do Lago e Vale do Lobo, está mais restrita do que nunca.
“Há menos imóveis no mercado, e a demanda está muito maior do que costumávamos ter”, afirma Buechner. Em 2023, o preço médio de venda de propriedades de luxo na Quinta Properties atingiu 3,5 milhões de euros, um aumento em relação aos 3 milhões de euros do ano anterior.
Ricardo Costa, diretor executivo da Luximos, afiliada da Christie’s International Real Estate em Portugal, também destaca o crescimento na demanda por parte de compradores estrangeiros, citando o programa de nômades digitais de Portugal como um fator importante. Trabalhadores remotos de fora da União Europeia podem morar no país se tiverem uma renda mensal de pelo menos 3.280 euros e economias de pelo menos 9.840 euros.
“As pessoas são atraídas pelo clima ameno, boas condições para o surfe, a estabilidade política e a possibilidade de trabalhar remotamente a apenas cinco horas da Costa Leste dos EUA”, explica Costa. “No extremo sudoeste da Europa, gostamos de dizer que os americanos são nossos vizinhos.” Ele também ressalta que, em Portugal, 1 milhão de euros permite comprar imóveis de luxo em áreas que costumam ser mais acessíveis do que destinos turísticos concorrentes, como a Riviera Francesa, as ilhas gregas e cidades dos Estados Unidos.
O interesse de compradores estrangeiros por Portugal cresceu desde 2012, quando o país introduziu o programa dos “vistos dourados”, vinculando a concessão de residência ao investimento imobiliário. No entanto, com o aumento dos preços, o governo decidiu, no ano passado, excluir os imóveis do programa, embora essa mudança não tenha impactado o mercado no Algarve.
Agora, estrangeiros podem se qualificar para o visto dourado investindo pelo menos 500 mil euros em fundos de investimento, ou por meio de doações a projetos culturais ou de pesquisa.
“O visto dourado realmente estimulou as vendas”, afirma Buechner, da Quinta Properties, mas ela enfatiza que o Algarve continua a atrair compradores estrangeiros, mesmo com o fim do incentivo imobiliário. “Não é apenas sobre os vistos dourados. Os americanos estão vindo para Portugal porque estão cansados dos Estados Unidos e buscam um estilo de vida diferente”, conclui. “O Algarve oferece exatamente isso.”
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Informações retiradas de Folha Uol