Quatro dos cinco maiores bancos da China reportaram uma queda nos lucros do segundo trimestre de 2024, após seguirem um estímulo do governo que reduziu as taxas de juros para impulsionar a demanda por crédito em uma economia em desaceleração, fortemente impactada pela crise no setor imobiliário.
Apesar da queda nos lucros, todos os cinco bancos anunciaram dividendos intermediários pela primeira vez em mais de uma década. Essa decisão segue a orientação do órgão regulador de valores mobiliários da China, que no ano passado incentivou um aumento nos retornos aos investidores, em resposta à volatilidade do mercado de ações.
Desde o ano passado, a China tem implementado medidas de estímulo para o setor imobiliário e reduzido juros na tentativa de reverter o crescimento lento da segunda maior economia do mundo. O país enfrenta uma crise imobiliária prolongada, aumento da dívida e uma confiança enfraquecida entre consumidores e empresas.
O banco industrial e comercial da China (ICBC), maior banco do mundo em ativos, e o banco de construção da China (CCB) anunciaram nesta sexta-feira quedas de 0,8% e 1,4%, respectivamente, nos lucros do segundo trimestre. O banco da China (BoC) e o banco de comunicações (BoCom) também divulgaram resultados negativos para o período. No entanto, o AgBank contrariou a tendência e anunciou um aumento de 14,2% no lucro.
A margem líquida de juros (NIM) do ICBC, um indicador chave de lucratividade, caiu para 1,43% no final de junho, em comparação com 1,48% no trimestre anterior. O CCB também registrou uma queda na margem.
Embora os outros três bancos tenham mantido uma margem estável ou ligeiramente positiva, a pressão sobre o NIM deve continuar. “Prevemos mais pressão sobre o NIM no segundo semestre de 2024, impulsionada pela reprecificação das hipotecas e pelas diretrizes do governo para reduzir os custos de empréstimos para apoiar a economia”, afirmou Vivian Xue, diretora de instituições financeiras da Ásia-Pacífico da Fitch Ratings.
O aumento dos dividendos elevará ainda mais a pressão sobre os lucros dos bancos chineses, que já enfrentam uma fraca demanda por empréstimos e juros reduzidos. “Reduzir o índice de pagamento de dividendos para aliviar a pressão de capital nunca foi uma de nossas opções de política”, disse He Zhaobin, secretário do conselho do BoCom, em entrevista após a divulgação dos resultados do banco na quarta-feira.
Setor imobiliário agrava queda nos lucros
Enquanto alguns bancos alertaram sobre o aumento da inadimplência no setor imobiliário, outros estão planejando aumentar o crédito para o setor, mesmo com a queda geral na demanda por financiamento imobiliário.
Liu Jin, vice-presidente do BoC, afirmou nesta sexta-feira que o banco planeja expandir o crédito imobiliário e os empréstimos ao consumidor.
O financiamento habitacional caiu para 17% do total de empréstimos do setor bancário chinês no final de 2023, em comparação com 21% dois anos antes, segundo a Fitch. “Embora a exposição direta dos bancos às incorporadoras imobiliárias represente apenas uma pequena proporção de suas carteiras de empréstimos, a desaceleração prolongada do setor imobiliário mantém o risco de contágio nos setores ‘upstream’ e ‘downstream’”, destacou Nicholas Zhu, analista do setor bancário na Moody’s.
Para os cinco maiores bancos da China, os índices de inadimplência permaneceram praticamente estáveis ou registraram uma ligeira queda.
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Informações retiradas de Forbes