A equipe do Papo imobiliário teve o prazer de conversar com Roberto Pinheiro, CEO da MyDoor, uma empresa inovadora que está revolucionando o mercado de imóveis de luxo por meio do conceito de sociedade imobiliária. Com uma trajetória marcante e uma visão única, Roberto nos conta como a MyDoor surgiu e como está moldando o futuro.
Nessa entrevista vamos explorar a inspiração por trás da MyDoor, entender como o conceito de imóveis compartilhados está impactando o mercado imobiliário tradicional, e discutir as tendências e desafios desse modelo de negócios. Roberto também compartilhará alguns casos de sucesso e oferecerá dicas para investidores interessados em entrar nesse mercado em expansão.
Você pode se apresentar e contar um pouco sobre sua trajetória profissional? Meu nome é Roberto Pinheiro, sou engenheiro civil e estou no mercado imobiliário há 24 anos, desde 2000. Minha carreira inclui passagens por construtoras, incorporadoras e empresas de hotelaria. Trabalhei por mais de 12 anos na Gafisa, uma grande incorporadora em São Paulo. Em 2018, mudei para uma empresa focada em hospitalidade e turismo, onde tive a oportunidade de me envolver com o desenvolvimento de negócios, principalmente na prospecção de terrenos para projetos de hotelaria, residenciais, loteamentos comerciais, entre outros.
Foi nessa época que tive contato direto com a parte de hospitalidade e compartilhamento de imóveis. Em 2021, com o mercado imobiliário ainda se ajustando após a pandemia, decidi fundar a MyDoor. Atualmente, sou o sócio que lidera o dia a dia da empresa, aplicando todo o meu conhecimento acumulado no mercado imobiliário e em hospitalidade.
Poderia nos dar uma breve descrição da MyDoor, incluindo a missão, visão e valores da empresa?
A MyDoor é uma empresa inovadora que introduz um novo modelo de compartilhamento de imóveis de alto padrão no Brasil. Nossa missão é transformar a relação das pessoas com suas segundas residências, proporcionando uma experiência mais acessível e sustentável. A visão para o futuro é criar uma nova categoria no mercado imobiliário, posicionando a MyDoor como referência em sociedade imobiliária de imóveis.
O modelo tradicional de posse de imóveis tem suas vantagens, mas também traz desafios, como altos custos de manutenção e uso subutilizado. Na MyDoor, cuidamos de toda a gestão, decoração e manutenção, oferecendo uma experiência sem dores de cabeça para os nossos clientes. Nossa proposta de valor inclui, além das vantagens econômicas, um compromisso com a sustentabilidade e o incentivo ao comércio local.
Como surgiu a ideia de criar a MyDoor e trabalhar com imóveis de luxo em sociedade imobiliária?
Durante a pandemia, em 2020, o mercado de segunda residência passou por um período complicado. No início, houve uma queda nos preços, pois muitas pessoas acreditaram que o mundo estava em crise permanente. No entanto, à medida que o tempo passou, as pessoas começaram a perceber a necessidade de ter um espaço próprio para relaxar, especialmente depois de meses confinados em apartamentos na cidade.
Essa demanda fez com que os preços dos imóveis em áreas de campo e montanha subissem drasticamente, chegando a triplicar em alguns casos. Um exemplo que acompanhei foi de um condomínio de alto padrão no interior de São Paulo, onde um terreno foi comprado por um valor e vendido por três vezes mais em apenas uma semana. Esse cenário caótico me fez perceber que, embora os preços estivessem regulados naquele momento, o mercado voltaria ao normal após a pandemia, e a demanda por segundas residências provavelmente diminuiria.
Foi nesse contexto que, durante uma reunião com o antigo CEO da empresa onde trabalhava, discutimos um modelo de negócio adotado por uma empresa nos Estados Unidos, que se tornou o unicórnio mais rápido do mundo ao vender imóveis de alto padrão de forma compartilhada, com até oito proprietários cuidando da manutenção. A proposta era interessante, e começamos a pensar: “Será que alguém está fazendo isso no Brasil?” Percebemos que, apesar de haver empresas trabalhando com compartilhamento de imóveis, não havia nada voltado especificamente para imóveis de altíssimo padrão.
Nessa fase, identificamos a necessidade de unir conhecimentos do mercado imobiliário e de hospitalidade para montar um negócio desse tipo no Brasil. Comecei a estudar o mercado, prospectar imóveis e analisar a viabilidade dessa ideia. Em março ou abril de 2021, após um longo período de pesquisa e testes de mercado, a ideia se mostrou promissora. Lançamos a MyDoor em novembro de 2021, e a plataforma foi ao ar em fevereiro/março de 2022. Desde então, fizemos uma rodada de captação de investimento em maio de 2022 e começamos a operar de forma plena.
Inicialmente, focamos em São Paulo, onde a demanda é maior, e gradualmente expandimos para outros estados do Brasil.
Para quem não está familiarizado, você pode explicar o conceito de sociedade imobiliária e como isso funciona especificamente na MyDoor?
Após a normalização do mercado, muitas pessoas que possuem uma segunda casa percebem que, embora desejem ter uma, a utilizam muito menos do que imaginavam. Geralmente, essas casas são usadas apenas uma semana por mês, e, além dos altos custos de aquisição e manutenção, há o incômodo de cuidar da propriedade. Chegar à casa e encontrar problemas como um jardim mal cuidado ou uma piscina suja é frustrante, e acaba transformando o prazer da propriedade em uma fonte de estresse.
O conceito de sociedade imobiliária resolve esses problemas ao permitir que um imóvel de luxo seja dividido entre vários proprietários, que compartilham os custos e responsabilidades. Na MyDoor, cuidamos de toda a gestão da propriedade, desde a decoração até a manutenção, garantindo que os proprietários possam simplesmente aproveitar seu tempo na residência sem preocupações. Esse modelo oferece uma forma mais eficiente e econômica de possuir uma segunda casa, sem os desafios associados à posse tradicional.
Gostaríamos de ouvir sua leitura atual do mercado de imóveis de luxo. Quais são as tendências e demandas mais recentes?
O mercado de imóveis de luxo está passando por mudanças significativas. Se olharmos para 20 anos atrás, não existia Airbnb e muitos se perguntavam se era seguro alugar uma casa de alguém desconhecido. Hoje, o Airbnb é uma concorrente estabelecida da hotelaria. Da mesma forma, há 15 anos, a ideia de pegar um carro de um estranho através do Uber parecia absurda. A popularização desses serviços demonstra como as mudanças podem ser rápidas e radicais.
Atualmente, estamos vendo uma tendência similar no mercado de compartilhamento de aviões. Nos EUA, mais de 50% das aeronaves são compartilhadas, enquanto no Brasil, essa porcentagem é de apenas 5%. A ideia de compartilhar imóveis de luxo ainda é pouco comum no Brasil, mas a demanda por segundas residências está crescendo. Muitas pessoas possuem casas de praia ou de campo que utilizam apenas 40 a 50 dias por ano, enfrentando custos altos e desafios de manutenção.
O modelo de compartilhamento de imóveis da MyDoor oferece uma alternativa interessante. Em vez de possuir uma única casa, os clientes podem ter acesso a várias propriedades em diferentes locais, como uma casa na praia, no campo, na montanha, e até mesmo em destinos internacionais. A ideia é permitir que os clientes desfrutem de múltiplas residências ao longo do ano, sem o ônus total da posse tradicional. Vejo um futuro promissor para esse modelo, com potencial para expandir para locais como Miami e Trancoso.
Em sua opinião, como a sociedade imobiliária afeta o mercado imobiliário tradicional? Existe algum impacto no papel dos corretores, por exemplo?
O modelo de sociedade altera significativamente o mercado imobiliário tradicional. Ao invés de um custo alto e manutenção constante de uma segunda residência, o compartilhamento oferece uma solução mais econômica e prática. Para os corretores, isso representa uma mudança importante. No mercado de locação tradicional, o trabalho é muitas vezes intensivo e o ticket médio é baixo. Já no mercado de compra e venda, especialmente de imóveis de alto padrão, a liquidez é baixa e o processo de venda pode ser demorado.
Com a MyDoor, os corretores lidam com um ticket médio mais alto, o que resulta em comissões maiores. A plataforma também oferece uma nova oportunidade para imobiliárias e incorporadoras, permitindo que imóveis que seriam difíceis de vender no mercado tradicional possam ser comercializados de maneira mais eficaz. O modelo de compartilhamento pode trazer mais liquidez para o mercado e oferecer uma solução para clientes que não desejam possuir uma casa inteira, mas buscam um senso de propriedade e uso frequente.
Você poderia compartilhar alguns casos de sucesso pela MyDoor? Como esses casos foram identificados e executados?
Na MyDoor, temos dois tipos principais de reservas: as reservas normais e as datas especiais como feriados e eventos importantes. As reservas normais permitem que os proprietários agendem estadias de dois a sete dias, com a possibilidade de fazer múltiplas reservas ao longo do ano. Para datas especiais, realizamos um sorteio entre os sócios para garantir uma distribuição justa das datas mais procuradas.
Um exemplo emblemático de sucesso é o caso de uma casa na Bahia. O antigo proprietário decidiu não vender, mas concordou em manter uma fração da propriedade. Ele ficou encantado ao ver a casa, que estava em condições muito melhores do que antes, após reformas e melhorias que fizemos. A experiência superou suas expectativas, destacando o valor do serviço de manutenção e personalização oferecido pela MyDoor.
Na sua opinião, é vantajoso investir em imóveis em sociedade no Brasil? Quais são as particularidades do mercado brasileiro que favorecem ou dificultam esse tipo de investimento?
O mercado brasileiro tem um grande potencial para o modelo sociedade imobiliária. Embora o conceito seja mais estabelecido em outros países, o Brasil está começando a adotar essas práticas. A principal vantagem é a possibilidade de pagar apenas uma fração do custo total de um imóvel, enquanto se desfruta de múltiplas propriedades. Isso é particularmente atraente considerando os altos custos de manutenção de grandes residências.
Além disso, a experiência personalizada oferecida pela MyDoor, como a preparação de propriedades de acordo com as preferências dos clientes, agrega valor. O desafio é a adoção cultural, mas o mercado está amadurecendo e há uma oportunidade significativa para crescer nesse setor.
Para finalizar, poderia oferecer alguns conselhos para investidores interessados em entrar nesse modelo de negócios?
Para investidores interessados em imóveis compartilhados, recomendo explorar o portfólio da MyDoor para entender a variedade de propriedades disponíveis. Estamos presentes em locais como São Paulo, litoral norte, Trancoso, e estamos expandindo para o Ceará. Acesse nosso site mydoor.com.br e nosso Instagram @mydoorbr para conhecer mais sobre nossas ofertas.
Além disso, oferecemos uma experiência imersiva para potenciais clientes, subsidiando uma parte do valor do aluguel para que possam vivenciar a experiência MyDoor. Nossa equipe está à disposição para fornecer informações adicionais e apoiar investidores interessados.
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