Mercado imobiliário aquecido com a queda de juros iniciada há um ano tem mais compradores do que moradias disponíveis, levando ao aumento de preços, explicam especialistas
O preço médio do metro quadrado de imóveis residenciais ficou R$310 mais caro no primeiro semestre no Brasil, segundo o Índice FipeZap de junho. Em termos percentuais, a alta foi de 3,56% em 2024 até agora, e de 6,17% em 12 meses. O aumento de preços no mercado imobiliário este ano tende a superar a inflação, prevista pelo Banco Central em 4,05%. A inflação acumulada nos últimos 12 meses é de 4,23%.
O preço médio de venda de propriedades residenciais subiu de R$8.710 para R$9.020 por metro quadrado no primeiro semestre, destacando-se os imóveis de um dormitório, com preço médio mais elevado (R$10.662), em contraste com unidades de dois dormitórios (R$8.094). Entre as capitais, Vitória registrou o valor médio por metro quadrado mais alto, seguida de Florianópolis e São Paulo.
Entre as cidades, os maiores aumentos de preços no primeiro semestre foram em Curitiba (+10,13%), São José dos Campos (+9,76%) e João Pessoa (+7,70%).
Em termos absolutos, Barueri viu o preço do metro quadrado subir R$902; Curitiba, R$897; e Itajaí, R$794.
Em São Paulo, o aumento de 3,16% levou o valor do metro quadrado a superar R$11 mil pela primeira vez. No Rio, a alta foi de 1,25%, elevando o preço a R$10.101.
A economista do DataZap, Paula Reis, aponta que o aumento de preço no primeiro semestre reflete um mercado imobiliário aquecido. No mesmo período em 2022, a alta foi menor, de 2,54%.
“O movimento dos primeiros seis meses de 2024 é reflexo de fatores como a redução da taxa básica de juros (Selic, que caiu de 13,75% em julho de 2023 para 10,50% em 2024) e o fortalecimento do programa Minha Casa Minha Vida”, diz.
Nas cidades com maiores aumentos de preços, Paula cita investimentos públicos em infraestrutura e qualidade de vida, atraindo empresas e gerando empregos.
“A cidade de São José dos Campos investiu em infraestrutura urbana, como o projeto Urbaniza Centro, valorizando imóveis nas áreas-alvo. Novas empresas se instalaram, gerando postos de trabalho e atraindo novos moradores. Curitiba tem várias obras rodoviárias beneficiando o município”, afirma a economista.
Apesar de não liderar os aumentos, o valor do metro quadrado em São Paulo subiu acima do INCC (2,80%) e do IPCA (2,48%). O coordenador do curso de negócios imobiliários da FGV, Alberto Ajzental, afirma que o aumento em São Paulo se deve à redução de lançamentos de empreendimentos para classe média e alta renda devido à discussão do Plano Diretor, causando aumento de preços e redução dos estoques das construtoras.
Preço do aluguel
Ajzental explica que o aumento de 8,02% nos preços de aluguéis no País no primeiro semestre é consequência da elevação dos preços dos imóveis. “O aumento do preço do novo e do usado influencia o aumento do aluguel. Isso amplia a distância entre a renda familiar e o preço do imóvel, levando à alternativa de alugar moradias”, afirma.
Os municípios com o metro quadrado mais caro do País são Balneário Camboriú (R$13.259), Itapema (R$12.962), Vitória (R$11.349), Florianópolis (R$11.340), Itajaí (R$11.284) e São Paulo (R$11.011).
Especialistas afirmam que os preços no litoral catarinense permanecem altos devido a empreendimentos voltados para alta renda, especialmente em Balneário Camboriú e arredores. Empresas como FG Empreendimentos e GT Home & ABC têm projetos na região.
Além dos lançamentos de alto padrão, a limitação territorial das cidades provoca aumentos de preços mais intensos que a média. Balneário Camboriú é um destaque no mercado imobiliário nacional, atraindo compradores de todo o País e do exterior, segundo Ajzental.
Imóveis novos
O DataZap, unidade de inteligência do Grupo OLX, desenvolveu o Índice de Lançamentos Imobiliários, focado apenas em imóveis novos. No segundo trimestre deste ano, o preço mediano do metro quadrado dos lançamentos foi de R$10.865 em 11 cidades analisadas. O aumento em 12 meses foi de 4,83%, ou R$ 501.
Um imóvel de 50 m² custa hoje, na planta, R$540 mil, contra R$518 mil anteriormente.
Por essa métrica, Florianópolis tem o maior preço de metro quadrado de imóvel novo (R$18.369). São Paulo registrou R$11.910, uma queda de 1% em 12 meses, enquanto Curitiba teve alta de 10%, indo a R$11.850.
Leilões de imóveis
Henri Zylberstajn, CEO da plataforma de leilões Zuk, afirma que a queda da taxa de juros aumentou a demanda por imóveis enquanto a oferta não acompanhou, resultando na elevação dos preços.
“O aumento da demanda e a oferta estável fizeram os preços subirem. Outro fator foi a alta do dólar nos últimos seis meses, tornando o mercado imobiliário em grandes centros como São Paulo e Santa Catarina mais barato em comparação com cidades como Nova York ou Dubai. Com o dólar alto, investidores estrangeiros encontram imóveis mais acessíveis no Brasil”, diz.
Zylberstajn acrescenta que o aumento dos preços no mercado imobiliário torna a compra em leilões de imóveis mais atraente, com descontos de até 70%. “Os preços dos leilões são definidos pelo valor da dívida do imóvel, não pelo valor de mercado, tornando-os oportunidades ainda maiores.”
Informações retiradas de Lucas Agrela ao Estadão.
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