Desde o ano passado, observamos um movimento constante de retorno ao trabalho presencial em bairros como Vila Mariana, Pinheiros, Vila Olímpia e Itaim Bibi.
Mais de 40 locações foram identificadas entre janeiro e março, com destaque para as regiões Chucri Zaidan, Vila Olímpia e Nova Faria Lima. Elas foram responsáveis por 67% do inventário locado em São Paulo. Os setores que protagonizaram as principais locações são financeiro, energia, automotivo, tecnologia e
investimentos. A taxa de vacância permaneceu em 23%, mesmo patamar observado no final de 2023. Destaque para as regiões Rebouças, Pinheiros, Paulista, Itaim Bibi, JK e Nova Faria Lima que estão abaixo de 10%. Santo Amaro e Marginal Pinheiros possuem as maiores taxas, 58% e 48%, respectivamente.
Se durante a pandemia, houve um momento em que todos se perguntavam se seria o fim do trabalho majoritariamente presencial, a dúvida agora é se vivemos o fim do home office. No meu ponto de vista, a resposta é não. Entretanto, o futuro do trabalho tende a ser híbrido e, dependendo do ramo de atividade em que se trabalha, pendendo para o presencial.
Acredito nisso por várias razões. A primeira delas é que, resgatando algumas notícias de 2020, obviamente percebe-se o tamanho da incerteza que vivíamos em relação à saúde pública. Fomos obrigados a ficar em casa e foi preciso se adaptar à nova realidade – o que incluiu a utilização de plataformas como o Zoom ou o Teams, capaz de substituir quaisquer auditórios. Neste cenário, os prédios de escritório foram esvaziados por necessidade e num segundo momento por uma falsa percepção de que o momento de crise duraria para sempre. Mas isso foi uma bolha.
Naquela fase, todos estavam temerosos, sem saber o que esperar. Conforme a vacinação foi sendo aplicada e a situação se acalmando, o pensamento geral é que não seria interessante ficar aprisionado dentro de casa. Muitas empresas acreditaram que o modelo ideal seria retornar por completo ao presencial, como foi o caso clássico do banco Morgan Stanley que decretou que todos deveriam voltar ao presencial e de seu maior concorrente que reagiu decretando que seus funcionários poderiam trabalhar de forma remota.
Admito que fomos um pouco inocentes quando, em meio à pandemia, acreditamos que tudo aquilo que pode ser feito in loco também pode ser feito em casa. Já entendemos que não é verdade: há questões importantes em termos de inteligência coletiva, produtividade, inovação, criatividade. Mas acredito também que, de lá para cá, passamos pela ressignificação do escritório. Do mesmo jeito que foi necessário reformar a casa, investir em móveis, criar espaços funcionais para o trabalho, no retorno ao presencial, as empresas estão realizando o mesmo movimento e criando espaços adequados para que as pessoas possam se encontrar num mesmo dia, de forma híbrida. Alguns concluem que precisam de espaços maiores. Ou que precisam fazer mudanças.
Um estudo feito pela Colliers no início de 2024 indica que 59% das pessoas trabalham a partir do escritório, de forma presencial; 28% em regime híbrido e 13% trabalham unicamente de forma remota. E que, olhando para o futuro, a partir de 2025 o número de pessoas em regime híbrido vai aumentar já que as empresas entenderam que essa decisão ultrapassa o limite do real estate e se converte em estratégia, em vantagem competitiva na luta pelos talentos.
O ponto a se considerar é que há casos em que é possível trabalhar 100% remoto, há casos que não; há situações em que há necessidade de trabalhar 100% presencial e há outras que não. Quem dita esse equilíbrio é a natureza do negócio. Quando a atividade da empresa é eminentemente comercial, é preciso estar aberto a receber clientes ou ir até eles. E, se alguns preferirem falar por vídeo, o teu espaço de trabalho deve estar preparado. Tudo isso precisa estar previsto e incorporado à rotina e à dinâmica de um escritório.
Naturalmente, as empresas desenvolveram uma série de formas flexíveis de trabalho para alinhar as necessidades de negócio com objetivos de cultura organizacional e de busca e retenção de talento. Essas formas podem se classificar dentre 5 categorias: Office First (preferencialmente no escritório), Office Friendly (empresa oferece alguma flexibilidade), Virtual Friendly (empresa incentiva a utilização de diversas localidades e encoraja as interações pessoais), Virtual First (empresa se estruturou para que a maior parte do trabalho seja feito de forma remota); e, Work Anywhere (empresa contrata os colaboradores para que eles trabalhem e vivam em qualquer lugar do mundo).
De qualquer forma, mesmo que o colaborador não precise ir todo dia ao escritório, ele merece um escritório bem localizado, agradável, confortável, bonito e moderno. Daí a razão pela qual os investimentos em novos imóveis não param de crescer – seja em prédios A, B, Triple A ou Boutique.
Por tudo isso, o futuro do trabalho deve se consolidar dentro do modelo híbrido. Assim, o ambiente de escritório pode oferecer um espaço mais estruturado e social, ao mesmo tempo em que a qualidade de vida de vida tão aclamada do Home Office também é aproveitada da melhor maneira. Os colaboradores agradecem e as empresas colhem os frutos.
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Artigo escrito por: Paula Casarini CEO da Colliers, empresa líder em serviços profissionais diversificados e gestão de investimentos.