O Comitê de Política Monetária (Copom) optou por manter a taxa Selic no patamar de 10,50% ao ano. Esse movimento traz à tona um dos maiores dilemas para os atores do mercado imobiliário no Brasil.
Quando os juros estão baixos, as construtoras tendem a acelerar seus projetos, enquanto os clientes ganham maior capacidade de compra. Por outro lado, taxas elevadas resultam em obras mais lentas e diminuição do poder de compra.
Neste cenário de vaivém, as empresas do setor precisam desenvolver estratégias para lidar com essas oscilações, que podem impactar tanto de maneira positiva quanto negativa na economia do setor.
Rubens Menin, presidente do Conselho de Administração da MRV, compara os juros no setor imobiliário a um tratamento médico: “Os juros são necessários para o setor assim como a quimioterapia é para os pacientes que necessitam dela. Ou seja, quando se erra para menos, não atua na correção ideal e, quando se erra para mais, acaba promovendo mais prejuízos do que benefícios”.
Olhando para um 2024 com a taxa de juros brasileira mantida em dois dígitos, é crucial trabalhar para um mercado e cenário econômico que fomente a redução dessa porcentagem.
Selic a 10,50%: impactos para empresas e clientes no setor imobiliário
Reduzir é essencial. A diminuição da taxa de juros é fundamental para o crescimento saudável de todos os CNPJs brasileiros, não apenas para aqueles ligados ao mercado imobiliário. Quando as taxas são menores, as construtoras conseguem maior acesso ao mercado de capitais e não dependem exclusivamente do financiamento do FGTS, o que tem sido um ponto limitante para os negócios.
Atualmente, o mercado está aquecido devido às iniciativas governamentais que modificaram os programas habitacionais, como o aumento do teto do Minha Casa, Minha Vida (MCMV), o FGTS Futuro e a expansão dos prazos de pagamento.
Do ponto de vista dos clientes, a redução da taxa de juros torna a compra de imóveis mais acessível. Isso se reflete na redução do comprometimento de renda dos compradores e na melhoria das condições de empréstimos oferecidos por bancos e instituições financeiras. Atualmente, em aquisições pelo MCMV ou FGTS, as taxas variam entre 4,25% e 8,16%. No entanto, é fundamental considerar que, mesmo com taxas fixas, o poder de compra dos clientes é crucial para a viabilidade de pagamento com recursos próprios.
Estratégias essenciais frente à flutuação dos juros
A montanha-russa das taxas de juros é um tema recorrente nos planejamentos estratégicos das construtoras. Como não têm controle direto sobre esses índices, as empresas precisam adotar medidas como avaliação rigorosa da rentabilidade de novos projetos, monitoramento das tendências macroeconômicas para identificar oportunidades de investimento e riscos, além de uma visão de longo prazo que considere os ciclos econômicos impactantes nos preços das construções.
As políticas de preço e venda também entram no planejamento estratégico, especialmente em períodos de juros baixos, quando oferecer condições de financiamento mais atrativas pode aumentar a demanda por imóveis.
Investir vigorosamente em projetos durante períodos de juros baixos é crucial, mas também é o momento de preparar-se para enfrentar o cenário quando as taxas subirem.
É imprescindível focar na liquidez, fortalecendo as reservas de caixa para garantir flexibilidade financeira, além de diversificar as fontes de financiamento para reduzir a dependência de empréstimos bancários.
Junto a essas estratégias, a fidelização do cliente é fundamental. Em períodos de juros mais baixos, criar condições favoráveis ao bolso dos compradores pode facilitar a venda de unidades imobiliárias.
Juros baixos são indicativos de avanço no setor imobiliário. Portanto, é crucial aproveitar esses momentos para impulsionar o crescimento empresarial e preparar-se para possíveis períodos de crise.
Informações retiradas de Eduarda Tolentino à MoneyTimes.
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