Enquanto o Produto Interno Bruto (PIB) brasileiro cresceu 0,8% no primeiro trimestre de 2024, a atividade de construção de imóveis recuou 0,5% em comparação com os últimos três meses de 2023, segundo dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) divulgados nesta terça-feira (4). Para que o setor imobiliário volte a crescer, especialistas afirmam que é crucial encontrar novas fontes de financiamento.
“É necessário aumentar a disponibilidade de financiamento a custos módicos. Vemos as linhas destinadas à classe média ameaçadas pela falta de funding”, afirmou Luiz França, presidente da Associação Brasileira de Incorporadoras Imobiliárias (Abrainc), durante a abertura do evento Abrainc Summit 2024.
Três pilares para o funding do setor imobiliário
Com o declínio do saldo da poupança, uma das principais fontes de financiamento para o setor imobiliário, França destacou três medidas essenciais:
- Redução da alíquota de recolhimento compulsório sobre os depósitos da caderneta: Esta medida depende do aval do Banco Central.
- Avanço do programa Acredita: Visa criar um mercado secundário de crédito para estimular a securitização do setor de imóveis.
- Sustentabilidade dos recursos do FGTS: Preservar a sustentabilidade dos custos dos recursos vindos do Fundo de Garantia do Tempo de Serviço (FGTS).
O Supremo Tribunal Federal (STF) deve retomar em 12 de junho o julgamento sobre a remuneração das contas do FGTS. A corte está avaliando a possibilidade de equiparar a remuneração dos depósitos do fundo à poupança, enquanto o governo defende uma correção mínima baseada no Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA).
“O FGTS é realmente uma espada sobre a nossa cabeça, por isso é importante desmontar a ideia de que é uma medida que beneficiará muito o trabalhador”, diz Inês Magalhães, vice-presidente de Habitação da Caixa Econômica Federal. Ela argumenta que, embora a correção possa render até R$ 100 a mais em média, o subsídio de até R$ 50 mil para a compra da casa própria oferecido pelo FGTS é um benefício muito maior.
Mercado de capitais: Uma alternativa para financiamento imobiliário
Além das discussões sobre o FGTS, o mercado de capitais surge como uma alternativa para financiar a construção. Em 2024, o mercado de capitais representou 40% do funding do setor imobiliário, um percentual mais relevante do que os números individuais de poupança e FGTS.
“Essas duas modalidades [poupança e FGTS] têm limitações naturais, não conseguem se expandir tanto. Por isso, o mercado de capitais é uma saída, já que o limite é o apetite do mercado”, afirmou Fabrício Almeida, diretor de negócios e produtos da PDTec, uma empresa da B3.
No entanto, o custo dos recursos é um problema. “A taxa do crédito imobiliário historicamente fica abaixo da taxa do mercado. E, no patamar atual dos juros, é difícil conseguir viabilizar”, disse Sandro Gamba, presidente da Associação Brasileira das Entidades de Crédito Imobiliário e Poupança (Abecip).
Gamba destacou que as Letras de Crédito Imobiliário (LCI) eram uma alternativa viável até que o Conselho Monetário Nacional (CMN) aumentou a carência para resgate dessas LCIs de três para doze meses. “A distribuição dos títulos caiu 50% depois de fevereiro. É importante tentar rever isso, pois esse é um instrumento sustentável para o setor”, defendeu ele.
Diego Villar, CEO da construtora Moura Dubeux (MDNE3), sugere que as LCIs podem resolver questões de funding de médio prazo, mas mudanças na destinação dos recursos tradicionais do setor são necessárias para uma solução duradoura. “A poupança deve ser 100% destinada ao financiamento da pessoa física, já que o financiamento de obra tem um ciclo mais curto de crédito e encontra maior oferta de soluções no mercado, como a securitização e os fundos de investimento”, concluiu Villar.
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Informações retiradas de Seu Dinheiro