Um fenômeno interessante está tomando conta do mercado imobiliário internacional. Originado em Miami, nos Estados Unidos, um polo natural de tendências de luxo, esse movimento já chegou ao Brasil. Trata-se da parceria entre incorporadoras e marcas renomadas do universo da moda, automóveis e redes hoteleiras de prestígio. Surgem assim os condomínios com grife, vinculados a etiquetas de excelência como Versace, Giorgio Armani, Porsche, Bentley, Pininfarina, Ritz-Carlton e Four Seasons. Este é um mercado em expansão, com 324 projetos em andamento, somando 26 000 unidades residenciais em 52 países, segundo estudo da consultoria britânica Knight Frank. A expectativa é de um crescimento anual de 12% até 2026.
A variedade de locais e possibilidades torna difícil calcular o valor financeiro exato desse nicho de luxo. No entanto, a grandiosidade é evidente em empreendimentos como o Porsche Design Tower, em Sunny Isles Beach, Flórida. Ali, um apartamento custa entre 4 e 15 milhões de dólares (equivalente a 76 milhões de reais), atraindo celebridades como Lionel Messi, estrela do Inter de Miami. Um dos atrativos do lugar é o elevador que permite subir com o carro e estacionar dentro do próprio apartamento, ao estilo da McLaren de Eike Batista. A vizinhança promete mais luxos com o Bentley Residences Miami, com inauguração prevista para o próximo ano, onde as unidades começam em 6,8 milhões de dólares (cerca de 35 milhões de reais). “Para abrigar empreendimentos desse porte, as cidades precisam ter uma legislação que permita prédios gigantescos”, afirma Daniel Ickowicz, da Elite International Realty, que atende brasileiros interessados em investir ou morar nesses novos empreendimentos.
O gigantismo é a norma — quanto mais alto, mais vistoso e melhor. Não é por acaso que essa tendência chegou à orla de Balneário Camboriú, em Santa Catarina, conhecida por seus arranha-céus. Destaca-se o Yachthouse, projeto da Pininfarina com 81 andares, que ganhou fama após Neymar comprar uma unidade. A Pininfarina também assina o Heritage, em parceria com a Cyrela, em São Paulo. O edifício reflete a imagem da escuderia italiana em detalhes como os vidros recortados na fachada, corredores iluminados como pistas de F1, e uma piscina com sofás e luminárias individuais. “Cada empreendimento tem um modo específico de atrair a clientela”, diz Fabiana Lex, diretora de marketing da Helbor, incorporadora com mais de quatro décadas de atuação no Brasil.
Mas, afinal, por que essa união? A ideia é simples. Uma marca não pode mais se restringir a um único produto, seja carros, roupas ou qualquer outro. Horizontes urbanos são atraentes, e vincular uma marca a residências é uma estratégia inteligente. Isso explica a profusão de lançamentos, como o edifício emoldurado pela Artefacto, em parceria com a Helbor, e outro com a bandeira de luxo da Marriott International, o W, em São Paulo. “Os hotéis internacionais garantem a excelência do serviço na administração de condomínios”, diz Nelson Stabile, da Integra Investments, de Miami. É um jogo de ganha-ganha para incorporadoras, marcas — e para quem pode pagar.
Este movimento no mercado imobiliário de luxo mostra como as marcas estão expandindo suas fronteiras, criando novas oportunidades e experiências para um público exigente e abastado.
Quer continuar atualizado sobre o mercado imobiliário? Então se inscreva na nossa Newsletter. Todas as terças e sextas, às 7:15, nós enviamos no seu e-mail as principais notícias do mercado Imobiliário. Vejo você lá!
Informações retiradas de Valéria França à Veja