Após um trimestre de forte crescimento na carteira de crédito imobiliário, que atingiu R$ 754 bilhões, a Caixa Econômica Federal alertou sobre a necessidade de conquistar mais fontes de recursos para essa linha de crédito. Em coletiva de imprensa, o presidente da Caixa, Carlos Vieira, destacou os desafios enfrentados pelo banco devido à redução na poupança e ao aumento das captações de mercado, que são mais caras.
“Os recursos estão no limite da capacidade de financiamento da habitação”, afirmou Vieira. Ele enfatizou a necessidade de criar mecanismos que reduzam o custo de capital para essa linha de crédito, que tem um impacto significativo na economia. “Em 2024, a questão da habitação está resolvida. Em 2025, não sabemos”, disse ele.
Para evitar problemas futuros, Vieira solicitou medidas do governo em três áreas: desenvolvimento do mercado secundário de crédito imobiliário, estímulo à participação de fundos de pensão no segmento e destinação de recursos dos depósitos compulsórios dos bancos para o crédito imobiliário. Até agora, apenas o primeiro ponto está sendo abordado, com o Ministério da Fazenda implementando medidas para fomentar a negociação de carteiras de imóveis pelos bancos.
Desde o ano passado, a Caixa tem liderado no financiamento habitacional, enquanto bancos privados reduziram suas concessões devido aos juros elevados. No primeiro trimestre deste ano, a Caixa conseguiu reverter a queda nos depósitos de poupança, que subiram 2,7% em um ano, para R$ 358,684 bilhões. Além disso, aumentou o saldo de Letras de Crédito Imobiliário em 69,2%, para R$ 158,225 bilhões, capturando 43% do estoque desse tipo de título no mercado brasileiro.
Contudo, a carteira imobiliária da Caixa financiada por recursos da poupança equivale a 88% dos depósitos, muito acima dos 65% determinados pelo Conselho Monetário Nacional (CMN). A diferença é complementada por instrumentos de mercado, que são mais caros. Apesar dessas limitações, as concessões de crédito imobiliário permanecem fortes, com uma média de 2,8 mil novos financiamentos liberados por dia, conforme afirmou a vice-presidente de Habitação da Caixa, Inês Magalhães.
Uma possível solução está sendo explorada com a emissão de títulos verdes no exterior, que seguem critérios sociais, ambientais e de governança (ESG). O vice-presidente de Sustentabilidade e Cidadania Digital, Paulo Rodrigo, mencionou que o valor dependerá do interesse dos investidores, com sondagens já realizadas nos Estados Unidos e anteriormente na Europa.
No primeiro trimestre, a Caixa registrou um lucro líquido recorrente de R$ 2,883 bilhões, um aumento de 49% em um ano. O crescimento da carteira de crédito foi o principal motor desse aumento, especialmente no setor imobiliário, que responde por quase 70% dos financiamentos imobiliários do país.
Além do crédito imobiliário, a segunda maior carteira do banco, de crédito comercial para pessoas físicas, caiu 2,7%, para R$ 133,955 bilhões. A carteira para infraestrutura cresceu 2,9%, para R$ 100,264 bilhões. O portfólio total da Caixa subiu 10,4%, atingindo R$ 1,144 trilhão, o maior saldo de crédito em território nacional.
Para este ano, a Caixa projeta um crescimento de 7% a 11% na carteira de crédito total. Para a habitação, com recursos da poupança, a expectativa de alta é entre 8% e 12%, apesar dos desafios de captação que persistem.
Quer continuar atualizado sobre o mercado imobiliário? Então se inscreva na nossa Newsletter. Todas as terças e sextas, às 7:15, nós enviamos no seu e-mail as principais notícias do mercado Imobiliário. Vejo você lá!
Informações retiradas de Altamiro Silva Junior e Matheus Piovesana à Estadão