A incorporadora Melnick, única de capital aberto nascida e atuando exclusivamente no Rio Grande do Sul, retomou as obras não afetadas pelas recentes enchentes no Estado. Segundo o presidente Leandro Melnick, a empresa possui 16 canteiros ativos, dos quais três foram diretamente impactados pelas águas. Um deles está localizado em Canoas e pertence ao segmento econômico, enquanto os outros dois, em Porto Alegre, estavam na fase de fundação. “Nossas obras e terrenos para uso futuro estão na parte alta de Porto Alegre”, afirmou Melnick.
Nenhum dos oito plantões de venda da empresa foi afetado, assim como a sede corporativa, permitindo que os funcionários retornassem ao escritório desde quinta-feira (15), quando também foram reabertos os plantões.
Apesar da tragédia que Melnick descreveu como “de dimensão devastadora”, a empresa sofreu impactos diretos limitados. Pelo menos 48 funcionários foram afetados em algum grau, com alguns perdendo suas casas. As operações ficaram paralisadas por dez dias.
O ano vinha sendo positivo para o mercado imobiliário gaúcho e para a Melnick. No primeiro trimestre, a empresa registrou um lucro líquido de R$30,3 milhões, um aumento de 51% em relação ao ano anterior, e lançou R$617 milhões em valor geral de venda (VGV), representando 84% do total lançado em 2023. Leandro destacou que os empreendimentos entregues estavam, em média, 95% vendidos. “O preço está começando a aumentar, são três trimestres seguidos de aumento na velocidade de venda e a margem começa a responder”, disse.
Impacto Econômico e Projeções Futuras
O presidente da Melnick projeta uma perda de poder aquisitivo para a população gaúcha devido às enchentes. “Sem dúvida, teremos impacto; a cadeia do agronegócio foi atingida, e as pessoas vão priorizar suas reconstruções”, afirmou, ponderando que o mercado gaúcho estava com demanda reprimida, tornando o grau de impacto ainda incerto. A empresa espera que a localização de seus novos projetos em áreas elevadas e a construção de apartamentos ajudem a mitigar alguns dos efeitos, já que moradores podem buscar imóveis em locais com menor risco de alagamento.
Leandro mencionou que pode haver um atraso de 45 a 90 dias nas obras, e o segundo trimestre deve ter lançamentos menores do que o previsto. No entanto, ele acredita que isso será recuperado ao longo do ano. O lucro da companhia pode ser temporariamente afetado, já que depende do andamento das obras para ser reconhecido.
Desafios na Cadeia Logística e de Insumos
Há incertezas sobre o impacto na cadeia logística e na disponibilidade de insumos, como o concreto. Uma fábrica da Votorantim Cimentos em Esteio foi afetada, mas o CEO global Osvaldo Ayres Filho afirmou que não deve haver impacto material no desempenho da companhia. Para outros materiais, como aço e elevadores, Leandro afirmou que há um esforço em viabilizar entregas, destacando a sensibilidade do setor à situação.
Iniciativas de Apoio às Vítimas das Enchentes
A Melnick organizou diversas iniciativas para auxiliar as pessoas atingidas pelas enchentes. Leandro informou que 150 colaboradores formaram um grupo de voluntários, ajudando a criar dois abrigos (um deles exclusivo para mulheres e crianças) e um centro de distribuição de remédios. A empresa também fez doações de água, cestas básicas, kits de higiene e limpeza, além de fornecer combustível para aeronaves que entregam doações.
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Informações retiradas de Ana Luiza Tieghi à Valor