Durante décadas, o mercado imobiliário chinês experimentou um crescimento notável, impulsionado pelo aumento populacional, urbanização e estímulos governamentais. No entanto, a pandemia de Covid-19 desencadeou uma crise significativa em 2020, levando a uma queda na demanda, nos preços dos imóveis e no esvaziamento de edifícios.
Os primeiros meses de 2024 testemunharam uma queda acentuada nas vendas de edifícios comerciais e nos investimentos no setor, conforme dados do Departamento Nacional de Estatísticas da China. Embora essa crise afete o crescimento local, suas ramificações também são sentidas em outras nações, dada a posição da China como segunda maior economia mundial.
Entretanto, o economista-chefe do banco BV, Roberto Padovani, argumenta que o Brasil está menos vulnerável ao declínio do mercado imobiliário chinês devido à sua menor dependência do ciclo econômico chinês. Ele destaca que o Brasil se tornou um grande exportador global de commodities para outros mercados, o que suaviza o impacto da desaceleração chinesa.
Padovani observa que a redução do ritmo de crescimento na China está relacionada à diminuição do poder de consumo da população e à necessidade das empresas locais de renegociarem suas dívidas, o que reduz a demanda por matérias-primas brasileiras. No entanto, essa redução na demanda chinesa contribui para a queda dos preços globais das commodities.
O economista ressalta que a crise imobiliária chinesa não é capaz de influenciar significativamente o mercado brasileiro, sugerindo que a economia global parece menos integrada após a pandemia, o que beneficia países emergentes como o Brasil. Ele enfatiza que a crise chinesa pode até mesmo impulsionar a renda, o crédito e a confiança no Brasil.
Padovani sugere que, mesmo em um cenário de rápida recuperação da crise chinesa, o Banco Central brasileiro não seria impedido de continuar cortando as taxas de juros. Ele prevê que a experiência chinesa seguirá um processo gradual de redução do endividamento das empresas, levando a um cenário futuro com preços mais estáveis das commodities.
“A crise imobiliária tem convencido os investidores que a desaceleração que tem sido vista na China desde 2012 vai continuar. O debate é quanto. Ao invés de crescer 9% ao ano, pode ser 3%. É um mundo em que teremos commodities com um preço mais estável e isso constrói um cenário para o futuro sem uma exuberância”, pontua.
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Informações retiradas de Breno Damascena à Estadão