Nos últimos meses, tem sido observado um aumento nos saques da poupança, o que pode resultar em consequências para os financiamentos imobiliários da classe média brasileira. Os saques estão superando os depósitos, impactando diretamente o Sistema Brasileiro de Poupança e Empréstimo (SBPE), principal fonte de recursos para o financiamento imobiliário no país. De acordo com a Elos Ayta Consultoria, nos últimos 12 meses, os brasileiros retiraram R$3,958 trilhões da poupança, superando os depósitos em R$67 bilhões.
Esse comportamento é atribuído à necessidade dos brasileiros de utilizar parte de seus recursos para pagar dívidas. Como resultado, é previsto um aumento nos juros das linhas de crédito imobiliário devido à redução do volume de dinheiro disponível na poupança.
O mercado imobiliário brasileiro enfrenta pressão devido à necessidade de lidar com imprevistos financeiros. Com 65% dos depósitos da poupança destinados ao Sistema Brasileiro de Poupança e Empréstimo (SBPE), que financia a maior parte dos imóveis do país a taxas de juros limitadas a 12% ao ano e prazos de até 35 anos, há preocupação devido ao fluxo de saída desses recursos.
A Associação Brasileira das Entidades de Crédito Imobiliário e Poupança (Abecip) aponta que as instituições financeiras estão recorrendo a uma parcela “um pouco acima” do normal desses recursos para os financiamentos.
Diante disso, o setor imobiliário busca outras fontes de recursos para compensar a queda na poupança. A Abecip destaca que as Letras de Crédito Imobiliário (LCI), os Certificados de Recebíveis Imobiliários (CRIs) e as Letras Imobiliárias Garantidas (LIG) têm sido opções complementares.
A redução da taxa básica de juros, Selic, pode aliviar a pressão sobre o mercado imobiliário, segundo a Abecip. Recentemente, o Copom do Banco Central tem cortado a Selic, o que deve diminuir as perdas na poupança. Investimentos vinculados ao CDI têm rendimentos maiores, explicando parte das perdas na poupança. Atualmente em 11,25% ao ano, espera-se que o BC reduza a taxa em 0,50 pontos percentuais na próxima reunião.
Isso implica em ajustes nas taxas de crédito pelos bancos. José Miguel de Oliveira, da Anefac, destaca que os clientes que já contrataram financiamentos não se beneficiarão imediatamente das quedas futuras da taxa de juros. A projeção média para a Selic no final de 2024 é de 9% ao ano.
Como estão as taxas de juros do financiamento imobiliário hoje?
Os bancos oferecem taxas de juros diferentes para financiamentos voltados para os imóveis. No Banco do Brasil (BBAS3) as taxas partem de 9% ao ano (a.a.) mais Taxa Referencial (TR, referência para os juros vigentes no Brasil) para as operações contratadas com recursos de Fundo de Garantia do Tempo de Serviço (FGTS). Em operações com recursos da poupança, as taxas começam em 9,76% ao ano mais a TR e variam de acordo com o perfil do cliente.
O Itaú (ITUB4) apresenta uma taxa de juros inicial de 10,49% ao ano, com atualização do saldo devedor pela TR. Os financiamentos podem chegar a até 90% do valor do imóvel, com a possibilidade de uso do FGTS, e o prazo estendido de até 35 anos. Além disso, o banco oferece uma alternativa de crédito imobiliário com juros vinculados à poupança, onde as taxas partem de 5,72% ao ano mais o rendimento da poupança.
Por sua vez, o Bradesco (BBDC3; BBDC4) disponibiliza dois modelos de financiamento. O primeiro, tradicional, oferece uma taxa fixa a partir de 10,49% ao ano mais a TR. Já a segunda modalidade inclui uma taxa fixa anual mais a remuneração da poupança. Ambas as opções permitem um prazo de pagamento de até 35 anos e financiamento de até 80% do valor do imóvel.
Entretanto, a Caixa Econômica Federal se destaca com as melhores taxas de juros no momento. Com operações de financiamento através de recursos do SBPE e do FGTS, o banco oferece taxas de juros efetivas a partir de 8,99% ao ano na modalidade SBPE. Para o Crédito Habitacional com Recursos FGTS, as taxas de juros nominais começam em TR + 4,00% ao ano, variando de acordo com a renda familiar e a localização do imóvel.
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Informações retiradas de Daniel Rocha à E-Investidor