Recente boom imobiliário transforma paisagem urbana de São Paulo, especialmente em áreas nobres como Itaim Bibi e Jardim Europa. Micro-apartamentos dão lugar a unidades espaçosas, com até 500m² e múltiplas vagas de garagem, refletindo mudança pós-pandemia nas preferências dos compradores. Comércios locais cedem espaço para construções residenciais luxuosas, evidenciando uma tendência de valorização imobiliária e aumento da demanda por residências de alto padrão na cidade.
“Existem muitos desses condomínios que já têm fila de espera mesmo antes de colocar o primeiro tijolo. Há aqueles que nem terão lançamento porque todas as unidades já estão vendidas. A procura é muito grande”, afirma Maurício Muniz, chefe de aquisições da Brio Investimentos.
A disputa por propriedades no bairro Jardim Europa está intensa devido à sua localização privilegiada e à garantia de uma vista desimpedida devido ao tombamento do bairro. A região é estratégica, próxima a importantes vias e centros de alto padrão, o que atrai investidores. Enquanto muitas gestoras de fundos imobiliários se concentram em empreendimentos comerciais, a Brio direciona seu foco para o mercado residencial de luxo, considerado mais promissor a curto prazo.
O investidor e especialista em mercado imobiliário, Muniz, destaca a diferenciação entre os segmentos residencial e comercial, apontando que o primeiro oferece retornos mais favoráveis em ganho de capital, enquanto o segundo tende a gerar renda através de dividendos ou aluguéis, porém com uma valorização mais lenta ao longo do tempo. Ele ressalta que os ciclos de valorização para unidades comerciais são mais extensos, devido ao tempo necessário para o metro quadrado se apreciar.
Muniz enfatiza a contínua preferência dos investidores por teses de desenvolvimento residencial, destacando seu desempenho positivo.
Além disso, um estudo realizado pela Brio elaborou um índice comparativo, utilizando dados de transferências de imóveis da Prefeitura de São Paulo e indicadores como a inflação oficial (IPCA) e a taxa básica de juros (Selic), proporcionando uma análise abrangente do mercado imobiliário e suas tendências.
O mercado imobiliário de alto padrão na cidade de São Paulo tem se destacado, conforme dados apresentados pela Brio. Unidades com valores acima de R$ 3 milhões, especialmente nos bairros mais exclusivos, têm registrado uma valorização mais significativa em comparação com a média dos imóveis convencionais. Além disso, o segmento de imóveis residenciais de luxo demonstra uma estabilidade notável mesmo em ambientes com taxas de juros elevadas.
Mesmo com as flutuações na taxa Selic, o ritmo de vendas se mantém mais constante nesse nicho de mercado.
O setor imobiliário enfrenta desafios significativos em tempos de aperto monetário devido ao aumento dos custos e dívidas decorrentes das altas taxas de juros. Este ambiente dificulta as vendas, pois os juros elevados tornam os financiamentos inacessíveis para muitos potenciais compradores. Especialmente em empreendimentos de alto padrão, onde a demanda é renovada constantemente, os preços continuam a subir.
Para Michele Costa, chefe de Relações com Investidores da Brio Investimentos, a escolha dos ativos considera o potencial de valorização de cada região. A partir da concentração de renda dos bairros, é desenhada uma estratégia para os fundos imobiliários residenciais de luxo, sempre em busca de regiões aspiracionais, com demanda maior que a oferta.
“O mapa da cidade de São Paulo tem concentração de renda na Zona Oeste, Zona sul e regiões mais centrais no raio do parque do Ibirapuera. Por mais que ocorram ciclos de altas e baixas, causando um desequilíbrio temporário, é muito improvável que esses bairros deem problema”, afirma.
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Informações retiradas de Isabel Filgueiras à Valor Investe