O Copom (Comitê de Política Monetária) do Banco Central optou, de forma unânime, por reduzir em 0,5 ponto percentual a taxa básica de juros (Selic), fixando-a em 11,25% ao ano. A decisão mantém a tendência de flexibilização monetária adotada desde agosto do ano anterior. Apesar da recente nomeação de dois novos diretores pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva e da pressão de setores do PT por uma diminuição mais expressiva, o comitê indicou a manutenção desse ritmo de cortes nas próximas reuniões.
Os novos diretores concordaram que cortes de 0,5 ponto nas próximas reuniões são adequados para o ciclo de alívio na Selic. Segundo o comunicado, todos eles “avaliam que esse é o ritmo apropriado para manter a política monetária contracionista necessária para o processo desinflacionário”.
Os novos diretores do Banco Central, Paulo Picchetti e Rodrigo Teixeira, assumiram seus cargos em 2 de fevereiro e participaram pela primeira vez do Comitê de Política Monetária (Copom) nesta semana. Nomeados por Lula, eles se juntam a outros dois indicados, Gabriel Galípolo e Ailton de Aquino Santos, totalizando quatro membros no BC, que possui nove na diretoria, incluindo o presidente Roberto Campos Neto. O Copom, em sua última reunião, decidiu manter no comunicado a defesa de que o governo persevere nas metas para as contas públicas já apresentadas.
“Tendo em conta a importância da execução das metas fiscais já estabelecidas para a ancoragem das expectativas de inflação e, consequentemente, para a condução da política monetária, o comitê reafirma a importância da firme persecução dessas metas”, afirma o texto, repetindo o trecho dos comunicados anteriores.
O Copom divulgou um comunicado que destaca o debate global sobre a redução das taxas de juros nas principais economias, tornando necessário que países emergentes, como o Brasil, adotem uma postura cautelosa. Embora o Copom mantenha as projeções de inflação para 2024 (3,5%) e 2025 (3,2%), houve leve ajuste nas expectativas para os preços administrados, passando de 4,5% para 4,2% em 2024 e de 3,6% para 3,8% em 2025. A nota sugere a importância de monitorar os desenvolvimentos globais e destaca a necessidade de prudência diante do cenário econômico atual.
O colegiado do Copom anunciou uma decisão referente à trajetória da inflação no Brasil. No comunicado, foi adicionada a expressão “em grau maior” ao se referir a 2025, indicando a análise da capacidade de a inflação atingir as metas. A decisão é considerada compatível com a estratégia de convergência para as metas estabelecidas para 2024 e, de maneira mais enfática, para 2025. Apesar da observação de que o país está em trajetória de desinflação, o Copom destaca a persistência de fatores de risco, incluindo pressões inflacionárias globais e a resiliência na inflação de serviços.
“A conjuntura atual, caracterizada por um estágio do processo desinflacionário que tende a ser mais lento, expectativas de inflação com reancoragem apenas parcial e um cenário global desafiador, demanda serenidade e moderação na condução da política monetária. O comitê reforça a necessidade de perseverar com uma política monetária contracionista até que se consolide não apenas o processo de desinflação como também a ancoragem das expectativas em torno de suas metas”, escreveu o órgão.
Após um ano de discordâncias entre o ex-presidente Lula e o presidente do Banco Central, Campos Neto, sobre a política de juros, observa-se uma nova queda nas taxas. Lula havia criticado Campos Neto, questionando suas intenções e compromisso com o Brasil. No entanto, a situação começou a mudar com as primeiras reduções na taxa básica de juros. O primeiro encontro entre os dois ocorreu em setembro do ano passado, no Palácio do Planalto.
Em um momento de pacificação, o presidente do Banco Central, Campos Neto, participou do churrasco de fim de ano de Lula na Granja do Torto, junto a todos os ministros do governo. Poucos dias antes do Natal, esse encontro foi crucial para estabelecer uma atmosfera conciliatória. Antes da decisão do Copom sobre a taxa de juros, membros do PT, partido de Lula, pressionavam por um corte mais significativo.
Em suas redes sociais, a presidente da legenda, deputada Gleisi Hoffmann (PT-PR), havia afirmado que o cenário econômico era favorável a uma redução maior e que 0,5 ponto percentual era “muito pouco”.
“O Brasil está pronto para retomar o crescimento com pujança, estimulado pelos investimentos do PAC, da Petrobras e da Nova Indústria Brasil, entre outros. Falta o BC fazer sua parte e começar a reduzir para valer a indecente taxa de juros”, escreveu a parlamentar.
“Cortar só 0,5 ponto da Selic outra vez, como antecipam a mídia e o mercado, é muito pouco. Está na hora de o BC pensar em suas responsabilidades com o país e fazer sua parte no esforço de reconstrução e crescimento”, afirmou.
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Informações retiradas de Renato Machado à Folha de S.Paulo