Em Shenzhen, uma próspera metrópole chinesa, a vila de Paibang destaca-se como um vestígio do passado modesto da cidade, representando desafios futuros para revitalizar o setor imobiliário do país. Paibang é um exemplo de “vilarejo urbano”, composto por prédios baixos e lojas familiares conectados por estreitos becos e ruas.
Com a China enfrentando uma crise imobiliária, os formuladores de políticas buscam revitalizar bairros urbanos envelhecidos, como Paibang, para impulsionar a construção e estimular as economias locais. No entanto, a interrupção dos esforços de reabilitação em Paibang destaca os desafios complexos e a natureza demorada dessa iniciativa.
Há sete anos, Paibang foi selecionada para uma “renovação urbana”, liderada pela China Evergrande em 2019. A Evergrande assumiu o projeto, mas devido ao seu colapso, a Shenzhen Metro, uma empresa estatal e acionista majoritária da China Vanke, tomou conta. Agora, a Vanke, também enfrentando problemas financeiros, recebeu o apoio da Shenzhen Metro e do governo local. O projeto envolve a demolição de edifícios para a construção de arranha-céus, destacando as complexidades do setor imobiliário chinês e seus impactos econômicos.
As maiores construtoras de casas da China enfrentam uma crise financeira devido à desaceleração nas vendas e restrições aos empréstimos, após anos de excessos. O preço médio das casas novas registrou a maior queda em mais de oito anos no mês passado. A paralisação da construção em Paibang, evidenciada pelo vazio do moderno edifício envidraçado da Evergrande, destaca a gravidade da situação. A queda no setor imobiliário está impactando a economia, afetando os governos locais que dependem da receita de arrendamento de terras.
Na tentativa de enfrentar desafios econômicos, o governo chinês buscou reduzir as taxas de juros e flexibilizar os requisitos para a compra de casas, mas sem sucesso. Diante do receio de agravar a dívida e incentivar comportamentos arriscados, órgãos reguladores financeiros discutem maneiras de apoiar incorporadoras imobiliárias. Uma abordagem inovadora está sendo considerada pelos líderes chineses: a análise das vilas urbanas, enclaves de propriedade coletiva dentro das grandes cidades.
Enquanto a expansão urbana chegava a seu limite, as vilas urbanas permaneceram como bolsões de terra pouco afetados pela gentrificação, oferecendo potencial inexplorado. A partir de 2009, governos locais reconheceram essa oportunidade e começaram a reconstruir esses bairros, mas, até o momento, a iniciativa permanece predominantemente local.
O Politburo do Partido Comunista Chinês anunciou em abril a intenção de realizar uma transformação ativa e constante das vilas urbanas em 21 das maiores cidades da China, considerando-a uma medida importante para expandir a demanda interna, segundo o Conselho de Estado chinês. Esse movimento, destinado ao crescimento urbano, é visto como uma resposta à busca por novos canais de crescimento.
O redesenvolvimento dessas vilas, no entanto, é descrito como desafiador e caro, com estimativas indicando um possível investimento de cerca de US$140 bilhões por ano durante uma década. O exemplo da vila Paibang, em Shenzhen, é mencionado, destacando a proximidade dos edifícios e as condições precárias dos apartamentos. Esse esforço de transformação é comparado com iniciativas anteriores, como a crise imobiliária de 2015, na qual Pequim gastou significativas somas para compensar moradores de habitações em áreas urbanas e rurais.
O distrito comercial animado de Paibang, localizado em Shenzhen, China, apresenta uma atmosfera vibrante com barracas de frutas, lojas de segunda mão e restaurantes simples. Na vizinhança, parques industriais abrigam gráficas, armazéns e fábricas. Com uma população de 59 mil habitantes, a maioria são migrantes que se mudaram para Shenzhen em busca de emprego.
Esses bairros são conhecidos como o “ponto de partida de um sonho”, representando a esperança e oportunidades para os residentes. Um exemplo é o cantor chinês Chen Chusheng, que começou sua jornada vivendo em uma vila urbana em Shenzhen, se apresentando em bares antes de alcançar a fama. Em uma de suas baladas, ele descreve a proximidade das pessoas e a sensação de uma comunidade unida, destacando a atmosfera única desses locais.
O crescimento acelerado de Shenzhen trouxe consigo a expulsão dos trabalhadores migrantes dos novos bairros desenvolvidos, apesar de sua contínua importância para a força de trabalho local. Em muitos vilarejos, a terra é de propriedade coletiva, e os edifícios pertencem a antigos moradores que frequentemente se mudaram há muito tempo. Um exemplo é Gao Jia, proprietário de uma loja de móveis e eletrônicos de segunda mão em Paibang por oito anos.
No último ano, os proprietários solicitaram que ele desocupasse o local para entregar o prédio à Evergrande. A interrupção do projeto de reforma devido aos problemas da Evergrande permitiu que Gao Jia obtivesse uma prorrogação, destacando as complexidades e desafios enfrentados pelos habitantes locais em meio ao desenvolvimento urbano em rápida expansão.
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