Os preços de imóveis na zona leste de São Paulo aumentaram significativamente em comparação ao ano anterior, com um aumento médio de 24%, de acordo com dados da consultoria Brain Inteligência Estratégica. O preço médio dos 29 bairros pesquisados subiu de R$7.846 em agosto do ano passado para R$8.042 em agosto de 2023. Os bairros que lideraram esse aumento foram São Mateus, Brás, Jardim Helena, Jardim Matarazzo e Cidade Líder, com altas que variaram de 10% a 24%.
Especialistas explicam que esse aumento se deve em grande parte aos lançamentos imobiliários realizados no último ano, impulsionados pelo financiamento estendido da Caixa Econômica Federal para 420 meses e pelo aumento no limite de preço para habitações no programa Minha Casa Minha Vida, que atingiu R$350 mil neste ano.
A diretora de incorporação da Plano&Plano, Renée Silveira, ressalta que a zona leste ainda possui um grande déficit habitacional, criando oportunidades para o setor imobiliário. Ela menciona que a região possui terrenos disponíveis e perspectivas de crescimento em vários bairros.
O valor médio das vendas de imóveis de 32 m² na zona leste é de R$210 mil, tornando acessível a compra de apartamentos para famílias com renda média familiar de R$4,1 mil. A extensão do prazo de financiamento de 360 para 420 meses aumentou a capacidade de financiamento, tornando as parcelas mais acessíveis para os compradores e ampliando em cerca de 6% a capacidade de financiamento de um imóvel.
Alto padrão
O preço do metro quadrado na zona leste de São Paulo é notavelmente alto em bairros como Anália Franco, Tatuapé, Brás, Jardim Avelino e Vila Prudente. Chega a atingir R$17.841, mais do que o dobro da média da cidade, que é de R$8.622, de acordo com dados da Fipezap. Esse aumento no valor imobiliário é impulsionado por empresas como Cyrela e Eztec, que estão tentando “gourmetizar” a região leste, oferecendo apartamentos voltados para a classe média-alta.
Enobrecimento da ZL
O professor Valter Caldana, da Faculdade de Arquitetura e Urbanismo da Universidade Presbiteriana Mackenzie, destaca a falta de incentivos para atrair o público de alta renda para áreas além dos bairros tradicionais de São Paulo, como Jardins, Itaim Bibi, Vila Nova Conceição e Pinheiros.
Ele ressalta que a zona leste da cidade é um vetor de crescimento essencial, mas não tem recebido os investimentos públicos necessários para seu desenvolvimento. O novo Plano Diretor, em vez de combater a concentração de alta renda, acabou enfraquecendo as oportunidades de atrair investimentos para outras regiões. O professor argumenta que é preciso uma revisão mais drástica do zoneamento e políticas que estimulem o capital a se expandir para áreas menos tradicionais da cidade, em vez de consolidar a concentração em bairros já estabelecidos.
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Informações retiradas de Estadão