Três incorporadoras especializadas no mercado de moradias populares, Emccamp, BRZ e Metrocasa, deram entrada para solicitar o registro na categoria A da Comissão de Valores Mobiliários (CVM), o que lhes permitiria emitir diversos tipos de valores mobiliários, incluindo ações. Essa movimentação faz parte da preparação para uma possível abertura de capital (IPO) quando as condições de mercado se mostrarem favoráveis, prevista para o próximo ano.
A expectativa é que a queda das taxas de juros incentive os investidores a buscar opções com maior potencial de retorno, como empresas e ações, tornando as incorporadoras do programa Minha Casa, Minha Vida líderes na corrida das IPOs, de acordo com bancos de investimento.
O mercado imobiliário residencial e comercial está se destacando como um dos maiores segmentos da Bolsa, com 28 empresas listadas. Cinco delas se concentram no programa habitacional: Cury, Direcional, Plano & Plano, MRV e Tenda. Três dessas empresas recentemente conseguiram captar recursos por meio de ofertas subsequentes de ações (follow-on) no primeiro semestre deste ano.
Essas ofertas foram bem-sucedidas devido a uma demanda significativamente forte por parte dos investidores, indicando um apetite crescente por esse tipo de investimento. Na Direcional e na MRV, a demanda superou em cinco vezes a oferta de ações, sinalizando um ambiente favorável para que novas empresas do setor imobiliário considerem abrir seu capital no mercado.
Candidatas
Várias incorporadoras estão considerando ingressar na Bolsa de Valores com ofertas públicas iniciais de ações (IPOs). O objetivo dessas empresas é atrair recursos para impulsionar o crescimento de seus negócios, aproveitando as melhores condições oferecidas pelo governo, como aumento de subsídios, redução de juros e ampliação de prazos no programa Minha Casa, Minha Vida (MCMV). Três dessas incorporadoras interessadas em abrir o capital são a BRZ, a Emccamp e a Metrocasa.
A BRZ, com sede em Belo Horizonte, é controlada pelas irmãs Mariana e Eduarda Tolentino e tem expandido suas operações em Minas Gerais, São Paulo e Rio de Janeiro. No período de janeiro a setembro deste ano, a empresa vendeu 3,5 mil apartamentos no valor de R$ 771 milhões e planeja ampliar suas vendas e lançamentos em 2024. A abertura de capital visa financiar esse crescimento.
A Emccamp, fundada em 1997 em Belo Horizonte e com atuação em Minas Gerais, São Paulo e Rio de Janeiro, também está planejando uma oferta pública de ações. A empresa foi fundada por Regis e Eduardo Campos, que estão passando o controle para seus filhos. A abertura de capital tem como objetivo garantir a perenidade da companhia, reforçar a governança corporativa e financiar seu crescimento em um mercado que vê potencial de expansão devido às melhorias no programa MCMV.
Outra possível candidata à Bolsa é a Metrocasa, uma incorporadora de São Paulo que se concentra em apartamentos de até dois quartos localizados nas proximidades do metrô. Os sócios da empresa têm experiência em empresas renomadas do setor imobiliário, como Tenda, Re/Max, WTorre, Cyrela e Toledo Ferrari.
O otimismo em relação ao setor imobiliário é impulsionado pelas melhorias nas condições do programa Minha Casa, Minha Vida, que aumentaram a visão positiva sobre o segmento. As incorporadoras acreditam que há espaço para o crescimento das operações para enfrentar o déficit habitacional. Portanto, essas empresas estão buscando o mercado de ações como uma forma de financiar seu crescimento e aproveitar o atual cenário favorável.
Tem mais
Bancos de investimento estão apontando a Pacaembu e a Patrimar como possíveis candidatas para uma Oferta Pública Inicial (IPO). A Pacaembu é especializada na construção de casas populares no interior, enquanto a Patrimar atua no segmento de médio-alto e alto padrão, além de possuir uma empresa focada no programa Minha Casa Minha Vida (MCMV), a Novolar.
Ambas as empresas já tentaram realizar IPOs no passado, mas sem sucesso. A tentativa anterior coincidiu com a queda das taxas de juros para 2%, quando muitas construtoras esperavam impulsionar as vendas devido ao financiamento mais acessível. A construtora Kallas tinha planos ambiciosos de levantar R$ 2 bilhões no início de 2020, mas, como outras concorrentes, acabou desistindo.
Dados da Comissão de Valores Mobiliários (CVM) indicam que, entre 2020 e 2021, quase 20 construtoras ou incorporadoras desistiram de realizar IPOs devido à rápida deterioração do mercado causada pela pandemia. No entanto, na Avenida Faria Lima, especialistas acreditam que alguns desses nomes podem estar mais preparados agora e podem retomar esses planos.
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Informações retiradas de Estadão