Milhares de portugueses, estão protestando nas ruas de Lisboa e de outras 20 cidades em defesa do direito à moradia devido à crise habitacional que persiste em Portugal, apesar das medidas anunciadas pelo governo socialista.
Alcina, uma moradora de Lisboa, expressou sua preocupação com o medo constante de ser despejada de seu apartamento no centro da cidade, depois que seu aluguel aumentou drasticamente de 30 para 600 euros, tornando-o financeiramente insustentável. O protesto é uma mobilização convocada por quase 100 associações e reflete a insatisfação generalizada com as ações do governo em relação à crise habitacional no país.
Crise habitacional portuguesa
Desde que Portugal enfrentou uma crise financeira em 2011, recorrendo a ajuda internacional, o país tomou medidas para atrair investidores estrangeiros e melhorar suas finanças. Essas medidas incluíram os “vistos dourados” para investidores ricos, vantagens fiscais para aposentados estrangeiros e nômades digitais.
Como resultado, o mercado imobiliário português se aqueceu, levando a um aumento significativo nos preços das moradias, com um aumento de 78% entre 2012 e 2021, em comparação com a média de 35% na União Europeia. No segundo trimestre de 2023, os dados oficiais mostraram um novo aumento na renda média em 11%. Isso também resultou em um aumento nos aluguéis de curta duração devido ao aumento do turismo nas grandes cidades do país.
Diferença entre salários e preços da moradia
A chegada de investidores estrangeiros desequilibrou o mercado imobiliário em Portugal, ampliando a disparidade entre os salários e os preços das moradias, de acordo com Augustín Cocola Gant, pesquisador da Universidade de Lisboa. Cerca de 25% dos portugueses vivem com o salário mínimo mensal de 886 euros, enquanto o aumento das taxas de juros pelo Banco Central Europeu agravou a situação, especialmente para os 87% dos detentores de empréstimos hipotecários com taxas variáveis.
Para aliviar a pressão sobre quase um milhão de famílias, o governo anunciou recentemente a concessão de taxas de juros reduzidas por dois anos para os devedores. Essa medida se soma a outras ações tomadas em março para conter o aumento dos preços no mercado imobiliário, incluindo o fim dos “vistos dourados” e a exigência de aluguel de moradias vazias há mais de dois anos nas áreas mais populosas do país.
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Informações retiradas de Exame