O governo chinês lançou recentemente uma série de medidas destinadas a restaurar a confiança na economia do país. Estas medidas incluíram a redução das taxas de juros para compradores de suas primeiras casas, bem como a diminuição do valor mínimo de entrada para aqueles que desejam adquirir seu primeiro ou segundo imóvel. Além disso, o governo chinês reduziu os impostos para famílias com crianças, buscando impulsionar o gasto das famílias.
O interesse por casas novas também aumentou consideravelmente. Essas ações foram bem recebidas porque representam uma resposta concreta às dificuldades enfrentadas pelo mercado imobiliário chinês, que estava em crise devido ao endividamento das construtoras e à queda na demanda por casas. Essa crise estava gerando preocupações sobre o possível efeito dominó na economia chinesa.
Em um comunicado conjunto emitido pelo Banco do Povo da China (PBoC) e pela Administração Nacional de Regulamentação Financeira (NAFR) em 31 de agosto, foi anunciada uma redução nos pagamentos iniciais mínimos para hipotecas. Para compradores de imóveis pela primeira vez, o valor mínimo foi reduzido para 20%, o que deve tornar a aquisição de imóveis mais acessível e estimular o mercado imobiliário.
Essas medidas refletem os esforços do governo chinês para lidar com desafios econômicos, particularmente no setor imobiliário, enquanto busca manter a estabilidade financeira e conter a desvalorização da moeda chinesa, o yuan.
A melhoria repentina no mercado imobiliário teve um impacto positivo nas bolsas asiáticas, com o índice CSI 300 da China subindo 1,52% e o Hang Seng de Hong Kong registrando um aumento de 2,51%. As ações de empresas do setor imobiliário se destacaram positivamente nas negociações. Além disso, as bolsas europeias também registraram ganhos, impulsionadas principalmente por empresas ligadas a commodities e ao mercado de luxo, que são setores fortemente dependentes da economia chinesa
Houve um aumento nas ações asiáticas na sexta-feira, impulsionado por anúncios nessa área e por sinais de recuperação no setor industrial chinês em agosto. Notavelmente, as entradas para compradores de casas em cidades importantes da China, como Pequim e Xangai, foram reduzidas de 30-40% para uma parcela inicial de 30%, o que pode ter implicações positivas para o mercado imobiliário.
Taxas menores
O Banco Central chinês anunciou uma redução nas taxas de juros para novas hipotecas em cerca de 40 pontos percentuais, estabelecendo um valor mínimo mais baixo em relação à sua taxa básica de referência para empréstimos. Além disso, os reguladores permitirão a renegociação das taxas de hipotecas existentes para a compra da primeira casa a partir de 25 de setembro, incentivando os bancos a oferecerem taxas mais baixas.
Essas medidas visam reduzir as despesas com juros para os compradores, estimulando assim o consumo e o investimento. Como resultado, uma série de grandes bancos comerciais chineses, incluindo o ICBC, o China Construction Bank e o Banco Agrícola da China, já reduziram as taxas de depósito em 10 a 25 pontos base após o anúncio.
Impactos
As novas medidas anunciadas na China têm o potencial de beneficiar 40 milhões de compradores de casas e ter um impacto significativo de 25 trilhões de yuans (equivalente a cerca de R$17,06 trilhões) em hipotecas, representando aproximadamente dois terços dos empréstimos habitacionais do país. Segundo informações da estatal Yicai, divulgadas na quinta-feira e citando fontes próximas aos reguladores, essa flexibilização da política é vista como uma mudança fundamental e aguardada no mercado.
John Lam, chefe de propriedades na China e Hong Kong do UBS Investment Bank Research, enfatiza que essa medida é particularmente positiva e diferente das anteriores, pois uma política nacional desse tipo contribui para fortalecer a confiança dos compradores de casas nas perspectivas dos preços imobiliários.
Os analistas da Capital Economics também compartilham a visão otimista, destacando que os esforços de estímulo estão ganhando força e que as novas medidas têm o potencial de reduzir os custos iniciais da compra de imóveis em muitas das principais cidades chinesas.
Sustentar o yuan
As autoridades chinesas estão tomando medidas para controlar a desvalorização do yuan, que sofreu uma queda acentuada nos últimos meses, devido às crescentes preocupações dos investidores em relação à saúde da economia chinesa. Desde abril, o yuan offshore perdeu 6% de seu valor em relação ao dólar dos Estados Unidos.
Para abordar essa questão, o PBoC anunciou na sexta-feira que reduzirá o requisito de reservas em moedas estrangeiras que os bancos devem manter de 6% para 4%. Essa é a primeira vez em 2023 que a China implementa uma medida desse tipo.
Alívio fiscal
O governo chinês está adotando medidas para impulsionar o consumo das famílias, que representa aproximadamente 37% do PIB da China. Essas medidas incluem a duplicação dos incentivos fiscais para custos relacionados à educação e cuidados infantis, além de significativas reduções de impostos para cuidados com idosos. Essas iniciativas visam estimular o gasto das famílias e fortalecer a economia.
Além disso, dados recentes mostraram uma melhoria notável na atividade fabril na China. O Índice de Gerentes de Compras (PMI) do setor industrial Caixin subiu para 51 em agosto, indicando expansão, o nível mais alto desde fevereiro. Embora a pesquisa oficial do governo tenha mostrado uma contração na indústria em agosto, os sinais de recuperação são evidentes.
Economistas, como Larry Hu do Macquarie Group, observam que a economia chinesa está demonstrando sinais de estabilização em vez de deterioração, o que sugere um ambiente econômico mais positivo no país.
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Informações retiradas de Laura He à CNN Brasil