O movimento de saques das cadernetas de poupança no Brasil está impactando negativamente a principal fonte de financiamento de imóveis no país. Um exemplo disso é a experiência de Willian, que teve que aguardar vários meses para finalmente assinar o contrato de financiamento de seu imóvel.
O processo enfrentou um obstáculo de documentação que paralisou as etapas de fevereiro a junho. Após superar esse problema, ainda levou mais um mês e meio para que o contrato fosse assinado e o crédito pudesse ser liberado. Willian optou pelo Sistema Brasileiro de Poupança e Empréstimo (SBPE), que se baseia na captação de recursos das cadernetas de poupança. Atualmente, ele aguarda ansiosamente a entrega das chaves do imóvel.
“Eles falavam que não tinha liberação de recurso, não tinha expectativa, não tinha nada. Achamos que ia ser bem mais simples, bem mais rápido”, diz o contador.
No primeiro semestre de 2023, o SBPE registrou o financiamento de 260 mil imóveis, uma queda de 26% em relação ao mesmo período no ano anterior, de acordo com dados da Associação Brasileira das Entidades de Crédito Imobiliário e Poupança.
Economistas apontam que a redução significativa nos financiamentos imobiliários por meio do SBPE está diretamente relacionada a um fenômeno paralelo: o aumento dos saques na poupança, uma das aplicações mais tradicionais do país. Entre o início do ano e julho, os brasileiros retiraram um montante de R$70 bilhões a mais do que o valor que foi investido na poupança.
“Nos últimos meses, houve o aumento de saques na poupança, principalmente por conta da taxa de juros. Hoje há uma tendência de redução, mas esses juros altos acabam trazendo aí um resgate maior da poupança para outras alternativas mais interessantes em termos de retorno para as famílias, enfim para quem investe, só que isso acaba afetando no final do dia quem precisa desses recursos para fazer o financiamento da casa própria”, diz o economista da FGV Joelson Sampaio.
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Informações retiradas de Jornal Nacional