No segundo trimestre de 2023, o mercado imobiliário no Brasil experimentou um crescimento notável de 15,7% nos lançamentos de novos empreendimentos em comparação com o trimestre anterior. Esse aumento é em parte resultado do padrão sazonal do mercado, que historicamente apresenta números mais baixos nos primeiros meses do ano.
No entanto, ao comparar com o mesmo período de 2022, houve uma queda de 15,8% nos lançamentos. Esses dados, provenientes da pesquisa Indicadores Imobiliários Nacionais do 2º trimestre de 2023, divulgada pela Câmara Brasileira da Indústria da Construção (CBIC), apontam para um alerta em relação à produção imobiliária ainda em níveis modestos, mas também evidenciam um otimismo crescente no setor.
A pesquisa abrange 217 cidades, incluindo todas as capitais e principais regiões metropolitanas do país, e foi apresentada em uma coletiva de imprensa online realizada nesta segunda-feira (28).
No cenário imobiliário de São Paulo, o economista-chefe do Secovi, Celso Petrucci, destaca um discreto aumento de 0,5% nas vendas de unidades residenciais neste trimestre em comparação ao anterior. Esse incremento contrasta com os lançamentos, que ficaram mais de 10 mil unidades aquém das vendas, evidenciando a demanda por produtos disponíveis.
Uma análise dos últimos 12 meses revela uma tendência contínua: desde o final de 2022, os lançamentos estão abaixo das vendas, resultando em uma diferença acumulada de mais de 15 mil unidades. A CBIC também chama atenção para o estoque de imóveis no segundo trimestre, registrando uma queda que atingiu o patamar mais baixo dos últimos dois anos.
Essa redução preocupante pode indicar que a oferta está consideravelmente abaixo da capacidade do mercado de consumo, como enfatiza Petrucci.
Lançamentos
O programa Minha Casa, Minha Vida está mostrando sinais de revitalização, impulsionado por avanços recentes, como aumento nos descontos para populações de baixa renda e ajustes nos limites de valores das unidades. Essas mudanças indicam um provável crescimento nos lançamentos e vendas de propriedades enquadradas no programa, de acordo com a Câmara Brasileira da Indústria da Construção (CBIC).
No segundo trimestre de 2023, a Região Norte foi a que apresentou o maior aumento percentual de lançamentos de unidades residenciais, registrando um notável crescimento de 1.002,5%. A Região Centro-Oeste também teve um aumento considerável de 80,9%, seguida pela Região Sudeste com 19,9%. Em contrapartida, a Região Nordeste sofreu uma queda significativa de -20,5%, seguida pela Região Sul com -10,9%.
No acumulado do semestre, o número de unidades habitacionais lançadas foi 19,1% menor em comparação com o mesmo período do ano anterior. No entanto, o Valor Geral Lançado (VGL) aumentou em 21,3% no segundo trimestre em relação ao primeiro trimestre do mesmo ano, totalizando R$38 bilhões. Comparado ao mesmo período de 2022, houve uma diminuição de 6% no VGL, que foi de R$ 40 bilhões no mesmo trimestre do ano anterior.
Vendas
No segundo trimestre de 2023, o mercado imobiliário brasileiro registrou um desempenho notável, com as regiões Norte, Centro-Oeste e Sudeste se destacando em vendas de unidades residenciais em comparação ao trimestre anterior. O Centro-Oeste liderou com um aumento significativo de 28,8% nas vendas de unidades, seguido pelo Norte com um crescimento de 15,8% e o Sudeste com um aumento de 4%. Em contraste, em relação ao mesmo período de 2022, houve uma queda de 5,3% no número total de unidades vendidas em todo o país. Essa tendência de queda também foi observada no acumulado dos últimos 12 meses, com uma redução de 4,8% em relação ao ano anterior.
No setor financeiro, o valor geral de vendas (VGV) no segundo trimestre atingiu a marca de R$ 41 bilhões, demonstrando um aumento de 2,8% em comparação ao trimestre anterior, que havia registrado um VGV de R$ 40 bilhões. Além disso, os preços médios dos imóveis sofreram alterações significativas nesse período, superando o Índice Nacional da Construção Civil (INCC).
Oferta
No segundo trimestre de 2023, o mercado imobiliário brasileiro testemunhou uma redução na oferta final de imóveis disponíveis, mantendo uma tendência de queda desde o último trimestre de 2022. Os números revelaram uma diminuição de 3,8% em comparação com o primeiro trimestre de 2023 e uma queda mais significativa de 6,3% em relação ao mesmo período do ano anterior.
Analisando as regiões do país, apenas duas delas apresentaram um crescimento na oferta final disponível. A região Norte surpreendeu com um aumento notável de 22,2%, acumulando um total de 10.682 unidades no segundo trimestre de 2023. Enquanto isso, o Centro-Oeste também experimentou um aumento de 8,9%, contabilizando 23.234 unidades nesse trimestre.
No entanto, a região Nordeste foi a que mais sofreu uma queda na oferta final, diminuindo em 7,8% em relação ao trimestre anterior.
Minha Casa, Minha Vida
No segundo trimestre de 2023, o programa habitacional Minha Casa, Minha Vida registrou um discreto aumento nas estatísticas de lançamentos, vendas e oferta final. Houve um incremento de 4,1% nos lançamentos em comparação ao primeiro trimestre, embora as 19.935 unidades lançadas ainda fiquem consideravelmente abaixo das 26.869 do mesmo período em 2022.
Dentre todos os lançamentos do segundo trimestre, cerca de 31% pertenceram ao MCMV, enquanto o programa foi responsável por 34% das vendas nesse período. Apesar disso, os números atuais de lançamentos e vendas do MCMV ficam bem aquém dos registros de anos anteriores, preocupando especialistas devido às demandas de habitação de interesse social do país. Segundo Petrucci, o programa já atingiu a marca de 48% de lançamentos, mas agora apenas representa 31% do total.
No quesito vendas, o MCMV teve um aumento modesto de 0,9% entre o primeiro e o segundo trimestres de 2023, com 25.339 unidades vendidas das 19.935 lançadas. As unidades do MCMV correspondem a 27% da oferta disponível no mercado.
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Informações retiradas de CBIC