Professores e funcionários públicos em Santorini, Grécia, estão enfrentando dificuldades inesperadas devido à crescente popularidade de plataformas de compartilhamento de residências como o Airbnb.
George Moris, um professor de ensino fundamental, chegou à ilha em setembro de 2022 e logo percebeu que a maioria dos proprietários de imóveis estava optando por alugar seus espaços para turistas estrangeiros, atraídos pelos altos valores pagos. Isso tem levado a uma escassez de opções acessíveis de moradia de longo prazo, deixando Moris e outros colegas sem escolha senão buscar alternativas como dormir em seus carros, sofás de colegas ou salas de aula vazias.
Em meio à temporada de turismo em pleno vapor, Moris conseguiu encontrar um raro quarto de hotel por 20 euros por noite, algo considerado um “milagre” dada a realidade de preços elevados em Santorini. A situação ressalta o impacto inesperado que o turismo de compartilhamento de residências pode ter sobre a comunidade local, afetando até mesmo profissionais essenciais como os educadores.
O aumento significativo no turismo pós-pandemia está levando a problemas em destinos europeus populares. Um exemplo é Santorini, que viu um aumento de quase 60% no turismo em relação a 2019. No entanto, o crescimento do uso de plataformas como o Airbnb para aluguel de curto prazo está prejudicando o mercado imobiliário residencial.
Isso resulta em desafios como professores que, devido à falta de moradias acessíveis, são forçados a viver em hotéis durante a temporada turística, mesmo que seus salários sejam limitados. Esse fenômeno se repete em outros destinos, como Praga, Lisboa e cidades históricas italianas.
Na Itália, a preocupação com a crise dos aluguéis residenciais se concentra principalmente em Veneza, onde a oferta de leitos para turistas nas ilhas centrais supera significativamente o número de residentes permanentes. A situação é agravada pelo fato de cerca de 40% dessas acomodações serem disponibilizadas através do Airbnb, para estadias de curta duração em unidades habitacionais que anteriormente eram utilizadas como residências.
Esse fenômeno não é exclusivo de Veneza, estendendo-se a várias outras cidades italianas. Ativistas sociais e autoridades locais alertam para as consequências negativas dessa tendência, que não apenas resulta em uma escassez severa de moradias acessíveis, mas também impacta negativamente a vida urbana tradicional do país.
Anthi Patramani, presidente da associação dos responsáveis pelo ensino secundário em uma ilha afetada, revela que a vinda de turistas está causando desconforto para a comunidade educacional, com muitos professores não desejando ser transferidos para essas áreas. A situação, quando ocorre, é descrita como dramática.
Veneza é o epicentro dessa crise, com a quantidade de leitos para turistas superando em muito o número de moradores locais. Mais especificamente, a alocação de cerca de 49 mil leitos para turistas nas ilhas centrais contrasta com o número limitado de residentes permanentes. Além disso, a expansão do Airbnb, que representa uma parcela substancial dessas opções de acomodação, exacerba o problema.
O impacto se reflete não apenas na escassez de moradias a preços acessíveis, mas também na transformação da vida urbana tradicional. As cidades italianas, conhecidas por sua rica história e cultura, estão enfrentando mudanças significativas à medida que os espaços residenciais são convertidos em unidades de aluguel de curta duração para turistas.
Movimentos ativistas em cidades como Veneza estão expressando preocupação com o impacto do turismo excessivo em seu patrimônio cultural. Giacomo Menegus, representante legal do grupo ativista “Habitação sob Alta Pressão”, argumenta que as cidades estão perdendo sua autenticidade, transformando-se em destinos turísticos superficiais e desprovidos de moradores locais.
A situação também se reflete na ilha grega de Ios, onde a crescente chegada de visitantes está dificultando a acomodação de profissionais essenciais, como professores e médicos.
O prefeito Gkikas Gkikas enfrenta desafios em encontrar moradia adequada, e até mesmo bombeiros e guardas costeiros enfrentaram dificuldades de acomodação. Enquanto isso, alguns moradores locais veem os aluguéis de curto prazo como uma fonte de renda extra, apesar das preocupações das autoridades.
Movimento na Itália em meio à crise habitacional. Durante a pandemia, apartamentos foram alugados a curto prazo devido ao fechamento das universidades. Universitários protestaram acampando em cidades como Milão, Roma e Florença devido à falta de moradias acessíveis.
O movimento “Habitação sob Alta Pressão” busca regulamentações para que cidades controlem os mercados habitacionais, como cotas para aluguel a curto prazo e alvarás. O ministro do Turismo propôs apenas o registro de aluguéis curtos, o que foi criticado. A Airbnb defende sua contribuição econômica e conformidade com regras. Algumas cidades agem com incentivos fiscais, mas desafios legais podem surgir.
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Informações retiradas de Eleni Varvitsioti & Amy Kazmin à Folha