O mercado de imóveis comerciais em Porto Alegre está enfrentando dificuldades para se recuperar dos níveis pré-pandemia, ao contrário do mercado residencial. De acordo com a pesquisa mensal do Secovi-RS, as locações de imóveis comerciais tiveram uma queda de 23,2% no primeiro semestre deste ano em comparação com o mesmo período do ano passado. Em relação aos primeiros seis meses de 2019, a queda foi de 20,5%.
No que diz respeito às vendas, o número de guias de ITBI (Imposto sobre Transmissão de Bens Imóveis) pagas no primeiro semestre de 2023 mostrou um aumento de 5,82% em relação a 2019. Entretanto, houve uma queda de 15,51% em comparação com o mesmo período de 2022.
De acordo com os dados do Secovi-RS, cerca de 6.373 imóveis foram alugados, dos quais os comerciais representaram 11,88%. Dentro dessa categoria, 40,42% correspondem a salas e conjuntos, enquanto 35,53% são lojas.
No atual cenário econômico, a falta de confiança dos empreendedores e a diminuição dos investimentos têm sido destacados como principais fatores. No entanto, a economista-chefe do Secovi-RS, Lucineli Martins, acredita que essa situação pode mudar com a recente queda das taxas de juros básicos promovida pelo Banco Central. Essa redução beneficia os financiamentos imobiliários, tornando o crédito mais acessível, e também estimula o consumo, o que é visto como crucial para decisões de empreendedorismo.
Apesar da perspectiva de melhoria, os indicadores atuais não são favoráveis. Os estoques de imóveis disponíveis para aluguel ou venda continuam aumentando, indicando uma tendência de retração no mercado, conforme observa Moacyr Schukster, presidente do Secovi-RS. No segmento de locações, houve um aumento de 2,42% em três anos, com um crescimento mais moderado (2,56%) na comparação entre o primeiro semestre do ano passado e o mesmo período deste ano.
As ofertas de venda de propriedades comerciais apresentam aumentos de 20,63% desde 2019 e 9,94% em comparação a 2022. Apesar disso, o crescimento da disponibilidade dessas propriedades está acontecendo a um ritmo mais lento. De acordo com Schukster, essa tendência está ligada ao ambiente de negócios atual. O mercado parece não estar reagindo positivamente, indicado pela falta de reação diante desses números.
No estado do Rio Grande do Sul, a influência do setor agrícola é notável nas áreas comerciais do interior, enquanto na capital, são os profissionais liberais que impulsionam a demanda por imóveis comerciais. A alta taxa de espaços comerciais vazios em ambos os casos sugere uma falta de confiança no mercado.
Além disso, outros fatores também desempenham um papel nessa situação, como as mudanças no comportamento de consumo, com mais ênfase em compras online, e a adoção do teletrabalho, que reduz a procura por espaços comerciais físicos.
A economista-chefe da Fecomercio-RS, Patrícia Palermo Olhar, observa que a paisagem urbana de Porto Alegre foi profundamente impactada pela pandemia. Antes da crise, áreas centrais da cidade eram escassas em termos de imóveis disponíveis para venda ou aluguel. Entretanto, o cenário se transformou drasticamente, com muitos cartazes de imóveis agora visíveis nesses locais.
Patrícia atribui essas mudanças à dinâmica gerada pela pandemia. Inicialmente, o fechamento de negócios de menor porte afetou a economia local. Agora, as grandes redes também estão reavaliando e reajustando suas operações para se adequarem à nova realidade.
Além disso, a economista ressalta uma mudança fundamental na mentalidade empreendedora. Antes, muitos empresários aguardavam o momento perfeito, com todas as peças no lugar – imóvel, estoque e fornecedores. Contudo, atualmente, é mais comum o nascimento de negócios no ambiente online, seguido pela migração para um espaço físico posteriormente.
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Informações retiradas de Rafael Vigna à GZH