Na última quarta-feira (02/08), o Comitê de Política Monetária (Copom) anunciou a redução da taxa Selic, que passou de 13.75% para 13.25%, a primeira queda em pelo menos 3 anos. Com esse resultado, as previsões do mercado financeiro para a taxa no final de 2023 passou de 12% para 11,75 e as estimativas para o próximo ano foram de 9,25% para 9%. O Banco Central indicou que a previsão é de mais cortes ao longo dos meses.
O que diz o mercado imobiliário sobre a queda da Selic para 13,25%
Aquisição de Imóveis
Para Larissa Gonçalves, economista do FipeZap, essa queda sinaliza boas projeções futuras da Copom. “Mais do que essa primeira queda, é a sinalização de novas reduções pelo próprio Copom que tem potencial de trazer impactos positivos para o setor, permitindo que mais famílias brasileiras tenham condições financeiras de adquirir um imóvel”, explica a economista.
Empréstimos Imobiliários
O cenário é também otimista para Armando Botelho, diretor comercial da Creditú, fintech de empréstimos imobiliários. “As taxas não vão cair de uma hora para outra, mas é um sinal positivo para as instituições financeiras”, defende Armando. A expectativa é de que a Selic chegue a 12% até o final de 2023.
O anúncio da Copom deve movimentar incorporadoras que estavam postergando projetos, fazendo com que lancem novos empreendimentos e, com isso, abrem horizontes para um mercado positivo muito em breve. “As incorporadoras dependem da taxa de juros para atender os clientes e a demanda de crédito deles. Produtos de baixa, média e alta renda dependem de financiamento para serem comprados”, explica Botelho.
O setor da construção civil deve ser também impulsionado, já que as instituições de crédito imobiliário baseiam-se na Selic para estipular suas taxas, que agora serão barateadas, tornando a aquisição de casas e apartamentos para construção mais facilitadas.
Fundos Imobiliários
A queda da Selic deve afetar investidores que aportam em Fundos Imobiliários, mas esse processo, segundo Caio Braz, sócio da Urca Capital Partners, já estava em andamento antes mesmo do anúncio da redução da taxa.
“É a expectativa que faz a curva de juros oscilar e isso impacta os preços. É por isso que a queda da Selic já vem influenciando o preço dos FIIs antes mesmo dela ser, de fato, efetuada” , explica ele. Essa queda também indica, a curto prazo, que os fundos imobiliários ficarão mais atrativos em relação à renda fixa e ao tesouro direto, segundo Caio Braz.
Ele também explica que a qualidade dos fundos deve melhorar, sobretudo aqueles que trabalham com endividamento, recebíveis e locação para empresas.
Alívio no bolso dos brasileiros
A taxa Selic a 13,25% incentiva bancos e instituições financeiras a reduzirem suas tarifas, tornando o acesso ao crédito mais fácil e menos custoso à população. O novo cenário também impulsiona o programa Desenrola, que vem ajudando muitos brasileiros com CPF negativado a renegociar suas dívidas, que agora ficam ainda mais fácil de serem renegociadas, tornando, inclusive, o risco de inadimplência menor.
Crédito e Prestações
Segundo a Associação Nacional dos Executivos de Finanças, Administração e Contabilidade (Anefac), a queda barateará pouco o crédito imobiliário e as prestações. Com o impacto na ponta final diluído, devido a grande diferença entre a taxa básica e os juros efetivos de prazo mais longo, novos empréstimos não sentirão tanto a queda da Selic.
Confira a seguir algumas simulações realizadas pela Anefac:
- O comprador de uma geladeira de R$1,5 feita em 12 prestações desembolsará R$0,81 a menos por prestação e R$9,73 no valor final com a redução;
- Para um empréstimo de R$3 mil em 12 meses realizado em uma financeira, o cliente pagará R$0,41 a menos por prestação e R$4,87% no total;
- Com relação às pessoas jurídicas, as empresas pagarão R$62,64 menor por empréstimo de capital de giro de R$50 mil por 90 dias, R$ 24,98 a menos pelo desconto de R$ 20 mil em duplicatas por 90 dias e R$ 2,67 a menos pela utilização de conta garantida no valor de R$ 10 mil por 20 dias.
Poupança
A Anefac também explica que a caderneta só rende mais que os fundos de investimentos quando o prazo da aplicação é curto e a taxa de administração cobradas pelo fundo é alta.
Em análise, eles explicam que a poupança só rende mais que os fundos em apenas duas situações:
- aplicação de até dois anos em relação aos fundos com taxa de 3% ao ano
- aplicação de até seis meses em relação quando o fundo tem taxa de administração de 2,5% ano ano.
Quando comparada com os fundos com taxa de administração de 2,5% ao ano, o rendimento da poupança é o mesmo quando o dinheiro fica aplicado entre seis meses e um ano.
A vantagem dos fundos ocorre mesmo com a cobrança de Imposto de Renda e de taxa de administração. Isso porque a poupança, apesar de ser isenta de tributos, rende apenas 6,17% ao ano (0,5% ao mês) mais a Taxa Referencial (TR), que aumenta quando a Selic sobe. Esse rendimento da poupança é aplicado quando a Selic está acima de 8,5% ao ano, o que ocorre desde dezembro de 2021.
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Fonte: Estadão, Suno e Agência Brasil