De acordo com o relatório Portugal Market Pulse da JLL, a atividade no mercado imobiliário português teve baixa no primeiro semestre de 2023, interrompendo a tendência de crescimento observada em 2022, que havia atingido recordes em quase todos os segmentos. Setores como, hotelaria, industrial e logística continuam apresentando bons desempenhos.
As altas nas taxas de juros e a escassez de oferta disponível para ocupação imediata são apontadas como os principais fatores que causaram esse menor dinamismo. Essas condições têm levado empresas e investidores a adiar decisões de investimentos até obterem uma melhor perspectiva da evolução da economia nesse novo ciclo.
Apesar das mudanças nas condições macroeconômicas, ainda há muita liquidez e interesse em investir. Tanto pessoas quanto empresas continuam a crescer e buscar imóveis. A economia nacional está crescendo em ritmo superior ao estimado, o que cria perspectivas otimistas para o mercado imobiliário nos próximos meses.
Investimento imobiliário
O investimento imobiliário comercial atingiu 760 milhões de euros nos primeiros seis meses do ano, representando uma queda de 8% em comparação ao ano anterior.
No entanto, o segundo trimestre registrou um aumento significativo na atividade investidora, indicando uma retomada gradual nos próximos meses. Os investidores estrangeiros continuam sendo responsáveis por mais de 80% do investimento no país.
O turismo tem sido um dos principais impulsionadores do crescimento econômico em Portugal, mostrando forte atividade e superando os níveis de pré-pandemia. Até maio, os dados apontam para um aumento significativo no número de turistas, e passageiros desembarcados nos aeroportos, com crescimentos de 25% e 33%, respectivamente.
Esses resultados impactaram positivamente o mercado imobiliário hoteleiro, com as diárias médias ultrapassando os valores de 2019 em Lisboa e Porto. No entanto, a oferta de hotéis continua crescendo a um ritmo moderado, com a inauguração de 1.089 hotéis de cinco estrelas no país.
Em contrapartida, o mercado de habitação enfrenta desafios, tanto na modalidade de compra e venda quanto no de aluguel. A procura por habitação supera em muito a oferta disponível, e as taxas de juros estão limitando o acesso de muitas famílias à compra de imóveis.
Como resultado, o número de vendas de casas teve baixa no primeiro semestre, enquanto a procura por aluguéis registrou um crescimento. Em Lisboa e Porto, os preços de venda de imóveis permanecem estáveis, enquanto os valores dos aluguéis continuam subindo.
Já em Lisboa
Em Lisboa, a ocupação de escritórios caiu 77%, enquanto em Porto a queda foi de 17% em relação ao mesmo período do ano anterior. A escassez de ofertas modernas e com padrões de qualidade exigidos pelo mundo corporativo tem sido um obstáculo para a atividade, resultando em rendas estáveis, apesar da diminuição nas ocupações.
De acordo com Joana Fonseca, Head of Strategic Consultancy & Research da JLL, o mercado imobiliário português está demonstrando solidez, apesar de um contexto financeiro e econômico desafiante. No primeiro semestre, o mercado industrial e logístico quase dobrou sua ocupação, atingindo 308.000 m². No entanto, a oferta de novos empreendimentos ainda é uma necessidade urgente, pois a demanda continua forte, e mais de 700.000 m² estão atualmente em construção.
As quedas de atividade nos setores de escritórios e habitação são atribuídas à falta de oferta para atender à procura, bem como à cautela dos consumidores e ocupantes diante da evolução econômica e dos juros. Por outro lado, o mercado logístico apresentou um crescimento notável nas taxas de ocupação, enquanto o setor de varejo manteve-se estável, mostrando que o comércio físico saiu fortalecido da pandemia.
O turismo também é destacado como uma forte aliado da economia portuguesa, com níveis de atividade que superaram os recordes anteriores à pandemia.
O primeiro semestre foi caracterizado por uma abordagem cautelosa (“wait-and-see” ou “on-hold”) dos grandes investidores institucionais pan-europeus em relação ao setor de investimento, devido à incerteza gerada pela subida das taxas de juro. Portugal não ficou imune a essa postura.
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Informações retiradas de Diário Imobiliário