De acordo com um levantamento divulgado pelo Sinduscon-MG, o mercado imobiliário de Belo Horizonte (BH) e Nova Lima está mostrando uma tendência de deixar de lado os imóveis de padrão econômico. Segundo o estudo, apenas 4,3% dos apartamentos novos disponíveis para venda nesses dois municípios são do padrão econômico.
A assessora econômica do Sinduscon-MG, Ieda Vasconcelos, explica que esse cenário se deve ao aumento do custo da construção. Ela ressalta que é impossível construir um imóvel hoje com o mesmo valor do início da pandemia. Nos últimos dois anos e meio, os custos de mão de obra e material aumentaram mais de 50%, enquanto a inflação no país no mesmo período está próxima de 25%.
No atual cenário do mercado imobiliário em Belo Horizonte (BH), além dos custos elevados, a escassez de terrenos na capital tem se tornado um fator que dificulta o lançamento de imóveis de padrão econômico. A falta de áreas disponíveis e os preços mais altos desses terrenos impactam diretamente o valor final dos imóveis. Além disso, o presidente da entidade Sinduscon-MG, Renato Michel, destaca que a alta dos juros também influencia no valor das parcelas dos imóveis, tornando-os menos acessíveis.
Diante dessa conjuntura, os investimentos estão sendo direcionados para outros tipos de padrão de imóveis, deixando de lado os empreendimentos de padrão econômico. Segundo o censo do mercado imobiliário realizado pela Brain Consultoria para o Sinduscon-MG, no quarto mês de 2023, do total de 282 unidades lançadas, a maioria (57,45%) estava na faixa de valores entre R$ 236,5 mil e R$ 1 milhão, enquanto 42,55% estavam na faixa de R$ 1 milhão a R$ 3 milhões.
Os resultados acumulados nos primeiros quatro meses de 2023 revelam uma queda acentuada nas vendas (90,1%) e nos lançamentos de imóveis de padrão econômico (78,9%), em comparação com o mesmo período do ano anterior em BH.
Ieda Vasconcelos destacou que as mudanças no programa Minha Casa, Minha Vida podem ajudar o segmento. Entre elas está o subsídio máximo para famílias com renda mensal de até R$ 2.640 (faixa 1) e até R$ 4,4 mil (faixa 2), que passou de R$ 47 mil para até R$ 55 mil. Com a alteração, o teto dos imóveis para as faixas 1 e 2 vai variar de R$190 mil até R$ 264 mil, de acordo com a população local.
Além disso, foi ampliado o valor máximo do imóvel que pode ser comprado pelas famílias com renda que varia entre R$ 4,4 mil e R$ 8 mil (faixa 3), que passou de R$ 264 mil para até R$ 350 mil em todos os estados.
Alto padrão
Já os imóveis de alto padrão vivem um cenário diferente. “O setor de alto padrão vem apresentando um desempenho muito forte e não é de hoje. Durante a pandemia, os consumidores ressignificaram o valor do imóvel e os imóveis de alto luxo tiveram um desempenho extraordinário nos últimos três anos. E a demanda continua forte”, destaca o presidente do Sinduscon-MG, Renato Michel.
De janeiro a abril de 2023, com igual período do ano anterior, o censo demonstra que os padrões econômicos e standard perderam representatividade nas vendas de apartamentos novos na capital mineira. Por outro lado, os padrões médio e luxo aumentaram sua participação.
Abril
O levantamento divulgado ontem mostra que em abril as vendas de apartamentos novos em Belo Horizonte (BH) e Nova Lima apresentaram queda de 27,5% em relação ao mês anterior, que tinha apresentado resultado expressivo com a comercialização de 568 imóveis, segundo melhor patamar desde agosto de 2022, quando foram vendidas 569 unidades.
Já a queda dos lançamentos de 16,8% em igual tipo de comparação pode ser compreendida em função do alto patamar lançado nos primeiros dois meses de 2023, sendo 708 unidades em janeiro e 603 unidades em fevereiro.
Ieda Vasconcelos ressalta que a comercialização foi cerca de 46% superior aos lançamentos e a velocidade de vendas manteve-se em patamar superior a 10%, o que é avaliado como positivo.
O censo imobiliário do Sinduscon-MG, que contempla apenas apartamentos novos em Belo Horizonte e Nova Lima, mostra um resultado diferente no acumulado do primeiro quadrimestre, com alta de 34,74% nos lançamentos em relação ao mesmo período de 2022. E as vendas nesse período cresceram 9,74%.
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Informações retiradas de Juliana Gontijo à Diário do Comercio