A decisão surpreendente do Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central (BC) teve um impacto significativo nas ações da construção listadas na Bolsa brasileira, que sofreram uma queda acentuada nesta quinta-feira (22).
Além da incerteza sobre se haverá ou não um corte na taxa básica de juros (Selic) e quando isso ocorrerá, as empresas do setor de construção também foram afetadas pela queda do índice Ibovespa.
Por volta das 13h30 (horário de Brasília), o Ibovespa apresentava uma queda de 1,6%, atingindo 118.400 pontos. A empresa Eztec (EZTC3) foi a mais afetada, registrando uma perda de 7,1%. Em seguida, a MRV (MRVE3) caiu 5,3% e a Direcional (DIRR3) teve uma queda de 4,5%.
‘Banho de água fria’ também nas construtoras
O comunicado do Comitê de Política Monetária (Copom) surpreendeu os analistas do mercado financeiro, que esperavam por medidas mais brandas. Após manter a taxa Selic em 13,75% pela sétima vez consecutiva, o tom “hawkish” do Copom deixou os analistas desconcertados.
Essa postura mais dura do Copom preocupa não apenas o setor financeiro, mas também as construtoras, uma vez que os juros elevados continuam afetando o financiamento de imóveis. A Associação Brasileira de Incorporadoras Imobiliárias (Abrainc) expressou sua insatisfação com a manutenção da Selic e destacou a importância crucial de uma redução nas taxas de juros.
De acordo com a Abrainc, os efeitos negativos decorrentes da Selic elevada são particularmente severos para os financiamentos imobiliários do Sistema Brasileiro de Poupança e Empréstimo (SBPE).
As perspectivas de corte da Selic, como ficam os setores mais sensíveis à taxa de juros? Uma ação de incorporadora pode abrir oportunidade para ganhar dinheiro com este cenário, descubra qual é aqui. Inscreva-se no nosso canal e fique ligado nas próximas lives, de segunda a sexta-feira, às 12h.
“A atual taxa inviabiliza a aquisição de imóveis para milhares de famílias, uma vez que os altos juros resultam em um aumento exorbitante de 23% nas parcelas do financiamento. Além disso, a manutenção da Selic também contribui para o aumento da inadimplência das empresas”, comentaram.
Apesar da reação negativa no pregão, o analista de real estate da Empiricus Research, Caio Nabuco de Araujo, destaca que as construtoras e incorporadoras estão diretamente ligadas à recuperação da Bolsa nos últimos três meses. Essa melhora foi justamente em linha com a expectativa de queda de juros nos próximos meses.
“O Copom foi uma questão de postura, de manutenção do seu raciocínio sobre o cenário doméstico. Mas a perspectiva ainda é positiva para as construtoras com a possível captação da queda de juros”, comenta.
Direcional lança oferta de ações
A Direcional tem uma das maiores quedas do setor e não é apenas pela decisão do Copom, que contamina o desempenho dessas companhias.
A construtora protocolou um pedido de oferta de ações (follow-on) que pode chegar a R$ 431,9 milhões. A emissão será de até 23,5 milhões de papéis ordinários. Os recursos serão utilizados para acelerar o crescimento e melhorar sua estrutura de capital.
Os analistas do JP Morgan avaliam que, pelo lado positivo, o follow-on é uma oportunidade para a Direcional acelerar o crescimento, ainda se beneficiando das recentes melhorias no programa Minha Casa, Minha Vida.
Entretanto, a empresa tem espaço para aumentar a alavancagem com sua dívida líquida sobre patrimônio líquido de apenas 21%, que cairá para menos de 5% após a oferta total. No entanto, segundo o JP Morgan, a oferta pesará negativamente em seu retorno sobre o patrimônio líquido (ROE) de curto prazo.
“Além disso, essa oferta levantará preocupações se outras construtoras do segmento de baixa renda também podem anunciar aumentos de capital para se beneficiar das altas recentes, criando um excesso no setor”, ponderam.
Quer continuar atualizado sobre o mercado imobiliário? Então se inscreva na nossa Newsletter. Todas as terças e sextas, às 7:15, nós enviamos no seu e-mail as principais notícias do mercado Imobiliário. Vejo você lá!
Informações retiradas de Flávya Pereira à Money Times