O Banco Popular da China (PBoC) recentemente cortou as taxas de juros, embora o impacto imediato no cenário econômico seja mínimo. No entanto, isso revela as preocupações dos formuladores de políticas em relação à desaceleração do crescimento chinês e sua intenção de apoiar o crescimento e reduzir os riscos negativos.
A economista do banco suíço Julius Baer, Sophie Altermatt, sugere que medidas de apoio mais direcionadas serão adotadas para lidar com o enfraquecimento do ímpeto de crescimento.
Os formuladores de políticas estão preocupados com desafios estruturais, como endividamento excessivo e investimento exagerado, e desejam promover um crescimento de qualidade. É improvável que eles recorram a estímulos em larga escala como em recessões anteriores para impulsionar o crescimento geral.
O Banco Popular da China (PBoC) reduziu sua taxa de referência de juros de longo prazo, conhecida como LPR, em 10 pontos-base. Essa taxa é utilizada como base para a formação das taxas hipotecárias. Com essa diminuição, o LPR de um ano caiu para 3,55% e o de cinco anos para 4,2%. Essa ação ocorre logo após a redução dos juros de curto e médio prazo na semana passada.
Em resposta a essa notícia, o Julius Baer revisou para baixo sua previsão de crescimento para o segundo trimestre de 2023. Isso se deve à desaceleração indicada pelos dados econômicos de abril e, posteriormente, pelos dados de maio. A recuperação econômica na China está focada principalmente no setor de serviços, enquanto o setor industrial enfrenta uma demanda interna moderada e uma demanda externa fraca.
Com base nisso, a economista do Julius Baer agora espera uma desaceleração no crescimento chinês para 0,3% no segundo trimestre, em comparação com 2,2% no primeiro trimestre. Como resultado, a previsão de crescimento anual para 2023 foi reduzida para 5,2%, em comparação com a previsão anterior de 5,6%.
Analistas do banco Goldman Sachs preveem que a China implementará medidas de flexibilização adicionais no segundo semestre, incluindo um corte de 10 pontos-base nas taxas de juros, redução na taxa de compulsório, aumento na emissão de títulos e apoio ao setor imobiliário. No entanto, eles acreditam que esse estímulo não será tão amplo quanto os ciclos anteriores, devido à intenção dos formuladores de políticas de adotarem um caminho diferente para impulsionar a economia.
Embora o corte de 10 pontos-base esteja de acordo com as expectativas dos economistas, alguns analistas esperavam uma redução mais significativa. Segundo o economista-chefe da Pantheon Macroeconomics, essa medida pode levar os compradores de imóveis a adiarem suas compras, o que pode resultar em uma queda ainda maior nas vendas. No entanto, os formuladores de políticas preferem uma recuperação gradual e equilibrada do setor imobiliário, em vez de permitir um superaquecimento como ocorrido em ciclos anteriores, como em 2020.
Robert Carnell, economista para Ásia-Pacífico no banco ING também é cético quanto aos efeitos dos cortes de juros na China. “Mesmo com novas reduções, e esperamos mais do mesmo nos próximos meses, talvez várias iterações de cortes, não é provável que veremos uma forte demanda por imóveis. O setor de construção provavelmente permanecerá fraco e os governos locais continuarão a sentiro aperto das vendas reduzidas, limitando sua capacidade de buscar projetos de infraestrutura expansionistas”, afirmou.
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Informações retiradas de Eduardo Magossi à Valor Investe