A crescente alta dos aluguéis está impulsionando mudanças de bairro e levando pessoas a optarem por compartilhar o aluguel, de acordo com dados do Índice FipeZAP+. Os inquilinos estão buscando imóveis menores ou em regiões diferentes para reduzir os gastos mensais. Enquanto isso, no segmento de alta renda, a demanda por residências mais espaçosas está impulsionando um aumento significativo nos preços de aluguel.
Por exemplo, o valor do aluguel de casas em condomínios de luxo na região do Recreio dos Bandeirantes, no Rio de Janeiro, mais do que dobrou em comparação com o período pré-pandemia, chegando a aproximadamente R$35 mil. Essa tendência reflete os desafios enfrentados pelos inquilinos de diferentes faixas de renda diante dos altos custos de moradia no país.
De acordo com Leonardo Schneider, vice-presidente do Secovi Rio e diretor da imobiliária Apsa, o atual cenário pode ser considerado uma espécie de “ressaca” pós-pandemia. A alta das taxas de juros e da inflação tem levado as famílias a adiarem a compra de imóveis, optando por investimentos com maior rendimento e evitando compromissos de longo prazo, como os financiamentos habitacionais.
Após a recessão anterior à pandemia, houve uma redução nos lançamentos imobiliários, resultando em uma menor oferta de imóveis disponíveis no mercado de aluguel, principalmente nas áreas com maior demanda. Com o aumento da procura por locação, os preços têm apresentado uma elevação. Isso tem levado muitos inquilinos a optarem por imóveis menores ou mais acessíveis. Essa tendência pode continuar a impulsionar a mudança de inquilinos para opções de moradia mais econômicas.
Em SP, alta de 14,43%
Um levantamento realizado pelo Secovi-SP revelou que os preços de aluguel em São Paulo tiveram um aumento de 14,43% nos últimos 12 meses, até março. A maior demanda está direcionada para imóveis compactos, resultando em um aumento significativo nos valores de aluguel de apartamentos de um quarto.
Segundo Vinicius Oike, economista do Quinto Andar, as pessoas estão retornando aos centros urbanos após a pandemia, o que tem impulsionado um mercado imobiliário mais aquecido. Existe uma busca crescente por apartamentos menores, principalmente de um ou dois dormitórios, localizados em regiões privilegiadas. Isso tem contribuído para a redução do preço dos aluguéis. No entanto, o economista destaca que essa tendência também explica o aumento dos valores de aluguel em bairros como Bom Retiro, que registrou a maior alta.
Já no Rio de Janeiro…
O Rio de Janeiro registrou um aumento de 11,6% nos aluguéis acumulados em 12 meses, com uma variação praticamente estável em março em relação a fevereiro. Em bairros como Ipanema e Leblon, na Zona Sul, os aumentos foram ainda mais expressivos, atingindo 55% e 41,6%, respectivamente.
Esses bairros enfrentam uma oferta de imóveis bastante limitada e uma demanda elevada, o que contribui para os aumentos de preço. Segundo o empresário Leonardo Schneider, tanto o preço quanto a escassez de imóveis disponíveis devem ser considerados durante as negociações entre proprietários e inquilinos.
Esse aumento no valor dos aluguéis também se reflete em outros bairros. A jovem carioca Stefany Martins, de 22 anos, precisou encontrar um novo lugar para morar após o proprietário do apartamento em que ela e seu marido viviam decidir colocar o imóvel à venda. Ao procurar unidades na região do Engenho de Dentro, na Zona Norte do Rio, ela se deparou com valores que a surpreenderam.
“Quando comecei a pesquisar novas opções, eu queria algo por perto, porque a localização me atendia bem. Mas os apartamentos que cabiam no meu orçamento eram terríveis” conta ela.
A solução foi buscar alternativas em outros bairros, mudando assim para um apartamento de tamanho similar ao que morava, mas no Méier. O preço do aluguel, porém, ficou mais caro em R$600.
A avaliação de especialistas é de que os preços e reajustes têm sido negociados com maior frequência, privilegiando valores de mercado, como diz Daniele Souza, gerente de Locação da Precisão Empreendimentos Imobiliários, especializada em imóveis na Zona Sul.
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Informações retiradas de Glauce Cavalcanti à Globo