Segundo levantamento da Brain Inteligência Estratégica, a cidade de São Paulo lidera o ranking de lançamentos de imóveis compactos no Brasil, com 98.500 estúdios lançados de janeiro de 2019 a janeiro de 2023. As próximas posições no ranking são ocupadas por Curitiba e Salvador, mas com uma diferença significativa de lançamentos em relação a São Paulo.
No entanto, chama a atenção a desproporção de estúdios em relação ao número de domicílios existentes na cidade, com uma proporção de lançamentos de 2,20% de 2019 a 2022, enquanto Curitiba tem uma proporção de apenas 1,02%.
O mercado imobiliário de São Paulo tem investido mais em estúdios do que em outras propriedades no Brasil, de acordo com Daniel Diniz Sznelwar, sócio-fundador da TREE (The Real Estate Environment). Ele credita esse movimento ao Plano Diretor da cidade, aprovado em 2014, que criou novas possibilidades para a construção de empreendimentos imobiliários, incluindo a criação de estúdios.
Sznelwar destaca a importância da Cota Parte Máxima, que determina a quantidade de unidades habitacionais em relação à unidade de área do terreno, além de outras regras e normas para operações urbanas. A demanda por estúdios em centros urbanos tende a ser sempre maior, segundo Sznelwar.
“A Cota Parte segue uma equação que define o número de apartamentos construídos em uma região. Por isso, se você vai construir um apartamento de 120 m² em um prédio, é necessário construir outro de 40 m² no mesmo edifício para que a média chegue a 80 m²”, exemplifica Sznelwar. “Com a demanda por imóveis grandes em áreas valorizadas, os estúdios surgem para compensar.”
As Zonas Eixo de Estruturação da Transformação Urbana (ZEUs) são, por característica, áreas destinadas ao uso residencial e não residencial com alta densidade demográfica. É natural, portanto, que exista esse incentivo à construção de mais apartamentos nessas regiões, seguido por investimentos em sistemas de transportes mais articulados, ofertas de serviços e equipamentos de segurança.
Estúdios além do investimento
Conforme apontado pelo levantamento da Brain Inteligência Estratégica, há mais de 20 mil estúdios no estoque de imóveis em São Paulo, o que tem levado os imóveis compactos a terem um valor de metro quadrado mais elevado do que apartamentos com três ou quatro dormitórios. O analista Sznelwar analisa que a pandemia impactou a forma como as pessoas encaram a moradia, havendo uma rejeição a viver em espaços pequenos.
Contudo, Sznelwar destaca o potencial de um novo tipo de comprador: “Está se tornando comum ver pessoas comprando um apartamento de 200 m² em um prédio e aproveitando para adquirir um estúdio de 20 m² naquele mesmo edifício. Esse segundo espaço é utilizado como home office, ateliê ou mesmo para algum hobby. São pessoas que usam os estúdios como um segundo espaço da casa.” Dessa forma, os estúdios podem atender a uma demanda por espaços adicionais para atividades pessoais ou profissionais.
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Informações retiradas do Estadão