Uma pesquisa inédita realizada pela CBIC em parceria com a Brain – Inteligência Estratégica revelou as principais dificuldades dos compradores do programa Minha Casa, Minha Vida, como a comprovação de renda e o valor de entrada. A pesquisa foi feita em mais de 25 cidades brasileiras e em três faixas de renda do programa. Além disso, a pesquisa também aponta os itens de desejo dos que procuram a casa própria.
A pesquisa qualitativa foi realizada com mais de 200 entrevistados, por meio de 26 grupos focais, em 25 cidades das cinco regiões do país, entre os dias 4 e 30 de março. Ela abrangeu três faixas de renda do programa – faixa 1, até R$2.640; faixa 2, entre R$2.640 e R$4.400; faixa 3, entre R$4.400 e R$8.000.
Uma pesquisa realizada com beneficiários do programa Minha Casa Minha Vida revelou que a dificuldade de comprovar renda é uma grande barreira para aqueles que não estão em regime de trabalho formal. Isso é especialmente difícil para aqueles que buscam seu primeiro imóvel. Alguns entrevistados questionaram a validade desse critério, já que muitos deles pagam aluguel que é superior ao valor projetado das parcelas do programa.
O estudo também mostrou que há dois grupos de participantes: aqueles que procuram o primeiro imóvel e aqueles que já possuem um imóvel pelo programa e estão em busca de um maior e com melhor localização ou opções de lazer, enquadrados na faixa 3.
“Mudanças no cenário econômico do Brasil provocaram o aumento da informalidade de trabalho. Muitos entrevistados buscam imóveis com espaço para trabalhar. A renda é alcançada por essas famílias, mas a informalidade dificulta sua comprovação”, afirma a pesquisa.
De acordo com uma pesquisa realizada com beneficiários do programa, o valor da entrada necessária para a aquisição do imóvel é considerado um grande obstáculo para todos os entrevistados. Muitos deles afirmam não possuir reservas financeiras e, mesmo aqueles que possuem recursos do FGTS, optaram por sacá-los para quitar outras dívidas.
Além disso, a correção das parcelas em obra é apontada como motivo de grande insegurança pelos entrevistados. A pesquisa indica que existem desafios significativos para os beneficiários do programa que buscam adquirir sua própria casa.
Segundo a pesquisa, conjugar o pagamento da parcela do financiamento com o aluguel é um grande entrave para aqueles que buscam adquirir sua própria casa. Muitos deles encontram o imóvel ideal, passam por análises de crédito e simulações, mas não fecham a compra por medo de não conseguir manter o financiamento.
Além disso, os entrevistados relatam dificuldades em encontrar imóveis dentro do teto permitido pelo programa, especialmente nas faixas 1 e 2, que têm padrões mais econômicos. Isso ocorre devido ao aumento dos custos da construção, o que impactou no valor das unidades habitacionais. A pesquisa indica que os beneficiários enfrentam vários desafios na busca por sua própria casa e precisam lidar com obstáculos financeiros e limitações de mercado.
A pesquisa aponta que há pouco ou nenhum conhecimento por parte dos entrevistados sobre o programa. Muitos desconhecem os parâmetros para participação, têm dúvidas em relação à documentação necessária, faixa de renda, teto do programa na cidade, direito a subsídio e enquadramento, taxas, juros, financiamento, valores variáveis de parcelas, análise de crédito bancário, entre outras questões.
Esse desconhecimento é apontado como um ponto de atenção na pesquisa, mostrando a necessidade de ampliar a informação e esclarecimento aos interessados em adquirir uma casa pelo programa.
Há uma expectativa muito grande com o retorno do Minha Casa, Minha Vida, após a mudança de governo. “Para quem busca o primeiro imóvel, o governo atual e a volta do programa são percebidos como esperança para sair do aluguel e conquistar a casa própria. Para quem já foi beneficiado pelo programa anteriormente e busca um upgrade de imóvel, a mudança de governo traz novas perspectivas para a viabilização da segunda compra”, afirma a pesquisa.
Famílias que já compraram o primeiro imóvel através do programa Minha Casa Minha Vida demonstram o desejo de um upgrade para ter maior conforto. O presidente da CBIC, José Carlos Martins, tem defendido o mercado secundário como um caminho para girar o setor imobiliário, e o tema está em debate em áreas da entidade. O presidente da Comissão de Habitação de Interesse Social (CHIS) da CBIC, Carlos Henrique Passos, afirmou que há um trabalho em andamento nesse sentido, mas que ainda não foi concretizado.
Quanto à localização do imóvel, a pesquisa identificou preocupação com segurança e interesse por locais com facilidade de transporte público. “A localização da moradia tem forte relação com a mobilidade urbana. Eles não veem problemas em residir em localidades afastadas, desde que o acesso à região de seu trabalho seja facilitada”, diz a pesquisa.
Os itens de sustentabilidade são bem-vindos, segundo a pesquisa. “É um investimento inicial considerado alto, porém com economia certa nas contas mensais. Acredita-se que deveria ser um investimento governamental, subsidiado pelo governo, para incentivar as práticas sustentáveis da população, além da inserção destes itens em imóveis populares”.
Pets e varanda
“Os pets fazem parte das famílias alvo do programa e são levados em consideração no momento da compra”, diz a pesquisa. “Durante as entrevistas, ficou claro que os pets têm muita importância para esse público, condicionando inclusive características do imóvel”.
O imóvel desejado tem sacada ou quintal, dois banheiros, lavanderia, boa circulação de ar. “Esse espaço aberto está ligado à ideia de amplitude, ventilação e conforto da família, condições indispensáveis quando se pensa na casa própria. Este é um espaço pelo qual até se paga a mais, e é uma relação custo-benefício muito bem calculada por cada um”, aponta a pesquisa.
Espaços como playground, um parquinho para as crianças e um gramado para passear com o cachorro são os espaços essenciais para a maioria destes participantes, segundo a pesquisa. Eles trocam a área de lazer por um espaço de sacada ou quintal, ou preferem pagar um valor mais baixo e não ter áreas de lazer neste primeiro imóvel.
Uma pesquisa apresentada durante o ENIC aponta que para os interessados em adquirir um imóvel pelo programa Minha Casa Minha Vida, as áreas de lazer são indispensáveis, porém encarecem tanto o imóvel quanto o condomínio. A pesquisa também identificou que muitos participantes não possuem conhecimento suficiente sobre o programa, o que pode ser uma barreira para a aquisição da casa própria. Os resultados da pesquisa foram apresentados por especialistas da Brain – Inteligência Estratégica e contaram com a participação de representantes da CBIC e CHIS/CBIC.
Acesse aqui a pesquisa
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Informações retiradas do CBIC