A solução temporária apresentada pelo governo do Estado aos moradores de São Sebastião que foram afetados pelo temporal é a transferência para um condomínio de Bertioga, a 41 quilômetros de onde vivem e trabalham.
“Uma casa de um quarto, sala, cozinha e banheiro era uns R$700. Encontrei algumas agora por até R$1,5 mil”, afirma Tainá, doméstica em um condomínio na Praia da Baleia, que recebe pouco a mais do que isso. “Não tem mais casa para alugar aqui pelo o que a gente pagava.”
Ao todo, 300 famílias devem ser levadas para a cidade vizinha. Desde a tragédia, cerca de 1,2 mil pessoas foram abrigadas em hotéis e pousadas, saída emergencial financiada pelo Estado.
Na última semana, começaram a se mudar para o condomínio Caminho das Flores, no bairro Quaresmeira, parte do programa Minha Casa Minha Vida e há quase dez anos em construção. As 300 unidades foram cedidas por oito meses em convênio com a Companhia de Desenvolvimento Habitacional e Urbano do Estado de São Paulo (CDHU) e com a Frente Paulista de Habitação Popular do Estado de São Paulo.
Após esse período, eles devem receber imóveis a serem construídos no bairro Baleia Verde, em São Sebastião.
A solução foi bem-vinda, mas também se transformou em um problema, como relata Cleudiane Conceição da Silva, de 33 anos, também doméstica na Praia da Baleia, que reúne mansões de mais de R$20 milhões e permanece quase deserta nos dias úteis, à espera dos moradores de fim de semana.
Por 11 anos, desde que chegou do Maranhão, Cleudiane viveu na Vila Sahy, em um imóvel que custou a ela e ao marido R$43 mil. “A casa estava em cima de um córrego, a gente não sabia porque estava aterrado, mas ele passava por baixo. Quando veio a chuva de madrugada, ele desceu levando tudo. Peguei minha filha, saímos pela janela e escapamos pelo telhado da casa ao lado”, diz. Na última semana, ela e o marido passaram a procurar um aluguel que pudessem pagar. “Não tem como, vimos na Baleia Verde, Sahy, Boiçucanga, não temos como pagar o que estão pedindo”, afirma.
O governo do Estado afirma que a CDHU iniciou o processo de transferência de famílias dia 13 de março. “Na última semana, 15 famílias foram transferidas, todas elas cadastradas pela equipe de atendimento da CDHU”, diz. Em nota, o Estado afirma que o convênio firmado entre a CDHU e a Frente Paulista de Habitação Popular integra o conjunto de medidas em resposta à emergência e prevê a devolução das 300 unidades à entidade nas mesmas condições em que foram recebidas.
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Informações retiradas do UOL