O crédito imobiliário com recursos da poupança (SBPE) deve se manter resiliente em 2023, apesar de um recuo previsto para o período. Segundo o presidente da Associação Brasileira das Entidades de Crédito Imobiliário e Poupança (Abecip), José Ramos Rocha Neto, o ano atual será o terceiro melhor da série histórica, mesmo com uma queda estimada de 13% frente a 2022.
De acordo com a Abecip, as concessões de financiamento habitacional com recursos da caderneta vão recuar para um volume de R$156 bilhões, contra os R$179,2 bilhões realizados em 2022. Já o crédito com os recursos do FGTS deve subir 5%, para R$65 bilhões em 2023. No total, as duas modalidades vão ter uma produção de R$221 bilhões, um recuo agregado anual de 8,3%.
No ano passado, na soma do crédito imobiliário com recursos da poupança e do FGTS, o volume total de concessões atingiu R$241 bilhões, o que representa recuo de 5% na comparação com 2021, ano recorde da série histórica, com R$255 bilhões.
Já as taxas de juros do crédito imobiliário não vão recuar dos patamares atuais, mesmo se houver cortes da taxa Selic, afirma Rocha. Conforme o dirigente, o mercado já está “sobreaplicado” no uso dos recursos da caderneta, que ajudam a sustentar um custo mais baixo para o crédito imobiliário na comparação com a taxa básica Selic, que está em 13,75%.
Rocha explica que o custo das linhas para as instituições, em geral, tem uma composição mista. Os recursos da poupança atualmente pagam 6,17% ao ano mais a variação da Taxa Referencial (TR). Mas as linhas habitacionais também dependem de funding captado no mercado por meio de produtos como Letras de Crédito Imobiliário (LCI) e Letras Imobiliárias Garantidas (LIG). “Os balanços de setembro do ano passado já mostram que os bancos estão usando mais recursos da poupança no crédito imobiliário do que o percentual obrigatório de 65% do saldo.”
Para o executivo, “mesmo que os juros caiam dos atuais 13,75% e cheguem ao final do ano perto de 12%, o funding poderá encarecer um pouco”. Conforme ele, “em 2023 as taxas de crédito imobiliário provavelmente deverão se manter nos mesmos patamares ou poderão ter subidas”.
Em 2022, os fundos imobiliários representaram 9% da origem dos recursos, com contribuição de R$174 bilhões. As letras imobiliárias garantidas acrescentaram R$90 bilhões, com participação de 5%. Os certificados de recebíveis imobiliários (CRI) alcançaram fatia de 8%, para R$ 148 bilhões, enquanto as letras de crédito imobiliário atingiram 12%, aos R$239 bilhões. Já o FGTS representou 26% dos recursos ou R$502 bilhões.
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Informações retiradas do Valor Investe