O Brasil não registrava valores tão altos para a locação de imóveis havia mais de uma década, de acordo com dados do Índice FipeZAP+, da Fundação Instituto de Pesquisas Econômicas (Fipe). A alta registrada em 2022 corresponde a quase o triplo do Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), que mede a inflação oficial do país e ficou em 5,79%. Descontada a inflação, a alta real dos aluguéis foi de 10,76%
Historicamente, o valor de venda dos imóveis sobe mais do que o dos aluguéis, mas isso não aconteceu no ano passado – em 2022, o preço médio das vendas avançou 6%. Logo, o Preço médio do aluguel no ano passado subiu mais que o triplo da inflação.
A inflação e juros altos diminuem demanda por compra
Segundo especialistas, a manutenção da taxa básica de juros da economia (Selic) em um patamar elevado, hoje de 13,75% ao ano, é um dos fatores que explicam a subida dos preços do aluguel. Com juros mais altos, comprar um imóvel fica mais difícil, o que acaba gerando uma migração dessa clientela para os contratos de locação. Diante da maior demanda pelo aluguel, o preço tende a subir. Assim o preço médio do aluguel no ano passado subiu mais que o triplo da inflação
“Embora a renda também seja importante para compra e venda, a taxa de juros do financiamento imobiliário é ainda mais decisiva para a acessibilidade ao imóvel nesse mercado. Com a Selic indo para 13,75% ao ano para conter a inflação, isso também encareceu os juros imobiliários, desaquecendo o mercado de compra e venda. Por isso, vemos melhor desempenho nos preços de locação”, explica Pedro Henrique Tenório, economista do DataZAP+.
Além disso, o bom desempenho da economia e a melhora no mercado de trabalho incentivam os locadores a aumentar os preços. A taxa de desemprego no Brasil caiu para 8,1% no trimestre móvel encerrado em novembro, o menor índice desde 2015. O país criou mais de 135 mil vagas formais de trabalho, com carteira assinada, no período.
“A alta nos preços de locação em 2022 tem importante relação com a dinâmica macroeconômica do ano. No ano passado, o aquecimento do mercado de trabalho, a partir da retomada das atividades com a melhora na pandemia e, especialmente a partir do segundo trimestre, a injeção de recursos do governo federal, foram essenciais para essa alta do índice”, afirma Tenório. “Como 2022 foi um bom ano no mercado de trabalho e na economia, o cenário possibilitou que os locadores elevassem os preços para quem aluga.”
O economista do DataZAP+ não acredita que a alta nos preços dos aluguéis esteja relacionada a uma eventual mudança de comportamento dos donos de imóveis – que, em vez de preservar os acordos com os inquilinos, estariam em busca de novos contratos por valores maiores.
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Informações retiradas do Metrópoles