O setor da construção civil foi um dos segmentos mais promissores de 2022 e obteve desempenho positivo em seu fechamento anual. Acompanhado do produto Interno Bruto (PIB) os lançamentos e as vendas tiveram significativo crescimento ante 2021.
De acordo com a Abrainc (Associação Brasileira de Incorporadoras Imobiliárias), a construção civil representa cerca de 7% da economia do Brasil, empregando 10% dos trabalhadores brasileiros.
O setor da construção atua como um forte motor para o mercado imobiliário e para a economia brasileira, afetando-a de diversas maneiras.
Previsão da construção civil para 2023
De forma mais ampla, a economia brasileira poderá sofrer desaceleração devido ao aumento da taxa Selic. Estima-se que a partir do primeiro trimestre já será possível notar os efeitos da taxa a 13,75%.
Nesse cenário de altas, segundo o Sinduscon (Sindicato da Indústria da Construção Civil do Estado de São Paulo), o PIB do setor teve um crescimento de 10% em 2021, deve encerrar 2022 com expansão de 7% e, para 2023, a previsão é de um avanço de 2,4%.
Construção: lado a lado à economia
Devido sua forte ligação com o desempenho econômico como um todo, o setor da construção civil vai depender das condições mais favoráveis do segundo semestre de 2023 para voltar a bombar.
Por mais que o espaço seja curto no orçamento público, o governo Lula prevê alocar R$ 10 bilhões para o setor ainda este ano.
Segundo o vice-presidente, Geraldo Alckmin, no programa Minha Casa, Minha Vida (substituto do Casa Verde Amarela), os recursos vão partir do extra da PEC (Proposta de Emenda à Constituição) da Transição, que furou o teto de gastos em cerca de R$ 145 bilhões.
A demanda enfraquecida, pressionada pelos juros altos no Brasil, impacta negativamente na confiança do setor, que carrega uma perspectiva pessimista para 2023, conforme dados da FGV (Fundação Getúlio Vargas).
Os agentes econômicos têm precificado o risco fiscal brasileiro, e isso se reflete na disparada dos juros futuros e na expectativa que o BC (Banco Central) corte a taxa de juros até ao menos o começo do segundo semestre de 2023.
Como está a saúde financeira das construtoras?
As companhias ligadas principalmente ao público de média renda sofrem de forma mais intensa com a alta dos juros para financiamento de suas operações, o que também agrava os distratos.
Ainda há diferenças significativas entre as empresas que competem entre si. Embora não sejam necessariamente pares correlatos, a Cury e a Tenda (TEND3) trabalham com baixa renda, levantando empreendimentos para a Minha Casa Minha Vida (antiga Casa Verde Amarela), mas com desempenhos opostos na Bolsa.
Enquanto a Cury fechou o ano passado com alta de 94,54%, a Tenda deve terminar 2022 com uma desvalorização de mais de 70%.
Para quem deseja investir no setor a regra é clara, sobretudo nos próximos meses, é preciso analisar empresas que tenham baixa alavancagem, seja em comparação a seu Ebitda (uma aproximação da geração de caixa) ou ao seu patrimônio líquido (no fim das contas, seus ativos líquidos).
Empresas provadas pelo tempo, como Cyrela (CYRE3), Eztec (EZTC3) e MRV (MRVE3), já conhecem muito bem o vai e vem do setor. Mas isso não significa que passarão totalmente ilesas pela crise.
Especialmente a mineira MRV demonstrou dificuldades operacionais ao longo de 2022. A empresa teve dificuldades com as construções populares no Brasil no ano passado, e questionou a falta de reajustes no Casa Verde e Amarela.
Já a Eztec, optou por uma abordagem diferente que consistia em lançar menos no terceiro trimestre deste ano, com o objetivo de recompor suas margens e estancar a sangria do aumento dos custos de produção.
Coincidentemente, as três companhias consideradas mais sólidas no segmento foram as que menos geraram valor em comparação à capitalização de mercado ao longo deste ano.
Quer continuar atualizado sobre o mercado imobiliário? Então se inscreva na nossa Newsletter. Todas as terças e sextas, às 7:15, nós enviamos no seu e-mail as principais notícias do mercado Imobiliário. Vejo você lá!
Informações retiradas da TradMap