Em entrevista recente para a Reuters, o presidente da Câmara Brasileira da Indústria da Construção (CBIC), José Carlos Martins, afirmou que as novas sinalizações do governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) sobre o programa habitacional Novo Minha Casa Minha Vida são positivas para o setor de construção civil, mas não garantem uma revisão imediata das projeções.
No dia anterior a essa entrevista (04/01), o novo ministro das Cidades, Jader Barbalho Filho, havia anunciado que seu time iniciaria os trabalhos para a reconstrução do programa habitacional imediatamente. E que havia R$ 10 bilhões assegurados para 2023 com recursos do Tesouro Nacional.
“É uma mudança de humor, com melhora nas perspectivas. Nosso produto é de longo prazo e a pior coisa que pode existir no nosso setor é não termos expectativa. Mas realmente, só teremos efeito prático em 2024”
José Carlos Martins
Martins disse ainda que a construção dos primeiros novos projetos do programa só deve iniciar no segundo semestre deste ano. Segundo ele, o governo de Jair Bolsonaro retomou parte de obras de 220 mil unidades habitacionais paradas durante o governo de Dilma Rousseff, mas atualmente não há novos projetos em carteira, o que demanda um tempo para operacionalizar novos projetos.
Ele também mencionou que cerca de 40% das empresas que atuavam no programa quebraram e as que sobraram foram para outros segmentos. Para se ter uma ideia, atualmente, o Minha Casa Minha Vida representa cerca de 50% do mercado imobiliário residencial brasileiro, mas já chegou a representar 75% anteriormente.
O presidente da CBIC também mencionou que é preciso haver redução nos juros para que o setor imobiliário possa crescer, mas que isso pode ser difícil devido às críticas do novo governo ao teto de gastos.
A CBIC prevê um crescimento de 2,5% para o setor de construção civil neste ano. Mas espera um ritmo de crescimento mais rápido nos próximos anos.
Saneamento
Na área do saneamento, o presidente da CBIC manifestou otimismo de que o marco do setor não seja totalmente revisto, mas sim “aprimorado”.
Para ele, essa revisão deve incluir soluções para atender às necessidades de pequenas localidades em regiões afastadas das grandes cidades. Onde a iniciativa privada não tem interesse em atuar sozinha.
Ele sugeriu que parcerias público-privadas podem ser uma alternativa viável para resolver essa questão e melhorar os sistemas de saneamento em todo o país. O presidente também destacou que nenhum governo quer depender de empresas de saneamento ineficientes e que os estados estão interessados em “sanear suas empresas para colocar dinheiro em caixa” se referindo aos processos de privatização.
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Informações retiradas de: Folha de SP