Desde a segunda metade de 2010 os Estados Unidos têm sido o destino de gestoras que atuam no mercado imobiliário. São quatro atrativos: o tamanho, a segurança e as perspectivas do mercado e a possibilidade de ganhos em dólares.
A tese de investimento, em geral, tem argumentos muito semelhantes ao de plataformas e corretoras que incentivam as pessoas a dolarizarem seus patrimônios. Primeiro tem a questão da economia, considerada muito mais robusta do que a brasileira e do mercado, muito mais maduro e líquido, permitindo às gestoras diversificarem seus ativos e reduzirem os riscos relacionados ao mercado brasileiro.
A segunda está relacionada ao próprio mercado imobiliário do país, que por anos apresenta crescimento. No caso de imóveis residenciais, a taxa anual de autorizações para a construção mais do que dobrou nos dez anos até novembro de 2022, segundo dados do United States Census Bureau (USCB), agência governamental de estatísticas.
A venda de novos imóveis também dobrou no mesmo período, enquanto os gastos com construção de residenciais triplicaram, de acordo com o USCB. Ao mesmo tempo, o valor médio de casas vendidas nos Estados Unidos vem subindo. No terceiro trimestre de 2022, ele alcançou US$ 542,9 mil, alta de 84,3% em relação ao mesmo período de 2021.
“Em desenvolvimento, não é raro a gente ver empreendimentos conseguindo atingir rentabilidade de 25% a 30% ao ano, em investimento focados em renda, também não é raro obter de 8% a 12% ao ano, isso em termos nominais”, afirma. “Só que é em dólar, e 10% ao ano em dólar não é a mesma coisa que 10% ao ano em real. É muito mais ao longo do tempo.”
Mas e o risco de recessão econômica?
Nem a expectativa de que os Estados Unidos passe por uma recessão em 2023 desanima as gestoras brasileiras que estão de olho no mercado americano. A situação da economia, inclusive, está sendo vista como uma oportunidade de se obter bons ativos e ter ganhos com aqueles já em mãos.
11 edifícios em menos de 1 ano
Nascida como uma boutique de investment banking em 2009, a Urca Capital Partners começou no mercado imobiliário em 2015. Primeiro no Brasil, com foco na estruturação de dívida. Em 2017, pegou o avião e começou a atuar nos Estados Unidos, como consultora de famílias que queriam estabelecer um patrimônio imobiliário no país.
Somente em 2021 decidiram seguir os passos de outras concorrentes brasileiras, e passaram a investir em imóveis no mercado americano. Além dela, outros grandes players como RBR Asset e Jive seguiram o mesmo caminho.
“Quando começamos a olhar o mercado, vimos que as rentabilidades lá são iguais ou maiores nominalmente do que a rentabilidade do mercado imobiliário no Brasil, sendo que lá é em dólares. E é um mercado com muito mais opções.” diz Caio Braz, sócio da Urca Capital Partners.
Quase um ano depois, a Urca possui um portfólio com 11 edifícios comerciais e participação em 8 empreendimentos residenciais em desenvolvimento. Os ativos estão em nove estados americanos, em cidades como Milwaukee, Miami e Chicago.
Conquistando Nova York
Já a RBR Asset começou a fazer investimentos nos Estados Unidos em 2018. A gestora decidiu inicialmente comprar pequenos prédios residenciais, os chamados brownstone multifamily, categoria de imóveis em que todos os apartamentos são destinados a uma única matrícula.
A tese da RBR consiste em comprar brownstones, reformá-los, alugar os apartamentos e, posteriormente, vendê-los. “Este é um segmento de muito baixo risco, que não passa por disrupção, as pessoas vão continuar precisando de casas para morar”, diz Ricardo Almendra, fundador e CEO da RBR Asset.
Nesse tempo, a RBR Asset já comprou 46 prédios na cidade, com 450 apartamentos. Eles optaram por se concentrar em Nova York devido ao déficit de moradia, onde 65% da população mora de aluguel e a vacância é baixa em torno de 2,5%.
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Informações retiradas do NeoFeed